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Direitos Humanos

Justiça russa ordena fim de organização de direitos humanos Memorial

A organização não-governamental Memorial, considerada como um dos pilares da liberdade e direitos humanos na Rússia, viu o seu fim decretado pelo Supremo Tribunal do país após diversas acusações de infrações do estatuto de "agente estrangeiro".

O Supremo Tribunal russo decretou o fim da organização de direitos humanos, Memorial, considerada um pilar na luta pelas liberdades dos russos.
O Supremo Tribunal russo decretou o fim da organização de direitos humanos, Memorial, considerada um pilar na luta pelas liberdades dos russos. © AFP - ALEXANDER NEMENOV
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Há 30 anos que a organização não-governamental russa Memorial é um farol dos direitos humanos no país, salvaguardando a memória das purgas soviéticas e denunciando os abusos de poder da era Vladimir Putin.

Esta terça-feira, a justiça russa decidiu que a organização deveria ser dissolvida, já que infringe sistematicamente as obrigações do estatuto de "agente estrangeiro", um estatuto atribuído a todas as organizações que o regime russo considera que agem contra os interesses do país.

No tribunal, o procurador russo acusou a organização de "criar uma imagem mentirosa da União Soviética como Estado terrorista",  promovendo o "branqueamento dos crimes nazis".

Até hoje a Memorial continua a ajudar a documentar o percurso de milhões de pessoas perseguidas e deportadas pelo regime de Estaline, dando às suas famílias o máximo de informação possível sobre o que se passou depois do seu desaparecimento.

A organização considera a decisão ilegal e já anunciou que vai interpor um recurso de forma a evitar o encerramento da sua actividade.

"Memorial é uma necessidade dos cidadãos da Rússia de conhecerem a verdade sobre o seu passado trágico Memorial e o destino de milhões de pessoas. Ninguém pode desfazer esta necessidade", reagiu a organização em comunicado, garantindo que vai encontrar os "meios legais" para continuar o seu trabalho.

Num ano coroado de repressão em relações a indivíduos, organizações não-governamentais e jornalistas na Rússia, o fim decretado da Memorial está a suscitar críticas de todos os quadrantes.

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, qualificou a dissolução como "uma terrível perda para o povo russo", o Conselho da Europa disse que a decisão é uma "notícia devastadora" e "um dia sombrio" para a Rússia, a Alemanha diz que é uma sentença "incompreensível" e os Estados Unidos qualificam a decisão como "uma afronta aos direitos humanos".

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