Rússia começa a votar sob acusações de censura aos opositores

Os russos começaram a votar, esta sexta-feira, nas eleições legislativas, num processo marcado pelo afastamento de candidatos da oposição e num escrutínio decisivo para o Presidente Vladimir Putin. Esta sexta-feira, a aplicação do principal opositor do regime, actualmente preso, Alexeï Navalny, desapareceu das plataformas da Google e da Apple.

Rússia começa a votar nas eleições legislativas. REUTERS - SERGEY PIVOVAROV

O primeiro dia do voto para as eleições legislativas na Rússia foi marcado pelo desaparecimento da aplicação de Alexeï Navalny das plataformas online. Os apoiantes do principal opositor do regime, actualmente preso, acusaram a Google e a Apple de “censura política” e de terem cedido ao Kremlin ao suprimir a aplicação que permitia organizar o voto contra o partido do Presidente Vladimir Putin. Navalny tinha pedido aos seus apoiantes para descarregarem a aplicação que informava sobre candidatos bem posicionados nas sondagens para derrotar os candidatos do partido no poder.

Quase 108 milhões de russos são chamados a votar até domingo para escolher os 450 representantes da Duma, a Câmara Baixa do Parlamento. A maioria dos candidatos mais críticos a Putin não foi autorizada a candidatar-se, depois de meses de repressão contra a oposição. Alguns foram impedidos de concorrer, outros abandonaram o país e alguns foram detidos – mais de 400 presos políticos, segundo a organização Memorial.

Em Janeiro, Alexeï Navalny foi detido quando regressou à Rússia depois de receber tratamento na Alemanha por envenenamento, que ele atribuiu ao Kremlin. Entretanto, o seu movimento foi proibido no país por ser considerado "extremista" e vários de seus aliados foram obrigados a partir para o exílio, foram detidos ou tiveram as candidaturas vetadas.

A pressão também se acentuou sobre media da oposição e os activistas de direitos humanos, com diversos “sites” e organizações a serem acusados de serem “agentes estrangeiros”.