Jornalistas e directores de comunicação social franceses espiados por Marrocos
Uma agência dos serviços secretos do reino de Marrocos recorreu ao software-espião Pegasus, concebido pela firma israelita NSO Group, para espiar uma trintenta de jornalistas e directores de media franceses. As revelações foram feitas por um inquérito publicado domingo 18 de Julho, por um consórcio de jornais,do qual fazem parte nomeadamente o Le Monde, o The Guardian britânico e o norte-americano, The Washington Post.
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O software Pegasus, concebido pela firma israelita NSO Group, acusada de fazer o jogo de regimes autoritários, foi utilizado por uma agência dos serviços secretos marroquinos para espiar uma trintena de jornalistas e directores de empresas da comunicação social de França.
Entre os órgãos visados por Pegasus e os serviços de espionagem de Marrocos estão nomeadamente os diários Le Monde e Le Figaro, o portal de informação Mediapart,o semanário satírico Le Canard Enchaîné, a Agência France-Presse e o serviço público de televisão, France Télévisions.
Mediapart, cujos jornalistas Lénaig Bredoux e Edwy Plenel figuram entre os dez mil espiados pelos serviços secretos de Marrocos através dos seus respectivos telefones, anunciou no dia 19 de Julho de 2021 que vai apresentar queixa ao Tribunal de Paris contra as autoridades do reino norte-africano.
Num comunicado divulgado pelos media, o portal Mediapart considerou que o "reino xerifino violou a intimlidade privada dos seu jornalistas e attentou contra o direito de informar e a liberdade de imprensa".
Em declarações à estação de rádio pública, France Info, o porta-voz do governo francês, Gabriel Attal, denunciou o que ele qualifica de "factos profundamente atentórios" ,que em caso de confirmação são de uma alta gravidade.
Attal condenou as manipulações técnicas que, segundo ele, têm como objectivo prejudicar a liberdade de investigar e informar dos jornalistas.
O software-espião, Pegasus, da firma de Israel, NSO Group, uma vez introduzido num telemóvel, possibilita a recuperação de mensagens,fotografias, contactos e até mesmo ouvir as chamadas do seu proprietário.
Periodicamente acusada de ser cúmplice dos governos autoritários, a NSO Group, sempre afirmou que o seu software servia unicamente para obter informações sobre as redes criminais e terroristas.
As revelações sobre os serviços secretos marroquinos foram feitas no âmbito do "Pegasus Project", uma investigação efectuada nomeadamente pelos jornais Le Monde, The Guardian e The Washington Post, por intermédio de dados a que os referidos órgãos tiveram acesso sobre a espionagem de vários governos a jornalistas, activistas, dirigentes políticos e empresários.
De acordo com a análise do consórcio de jornais, a lista inclui pelo menos 180 números de telefone de jornalistas espiados, 600 dirigentes políticos (mulheres e homens), 85 activistas de direitos humanos e 65 empresários.
O “Pegasus Project” é apoiado pela organização Open Society Foundation.
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