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Estados Unidos/China

Estados Unidos encerram consulado chinês para proteger sua propriedade intelectual

Os Estados Unidos ordenaram ontem "brutalmente" o encerramento até sexta-feira do consulado geral da China em Houston, "para proteger a propriedade intelectual e as informações privadas dos cidadãos norte-americanos", anunciou esta quarta-feira (22/07) o ministério chinês dos negócios estrangeiros, que fala de "provocação" e ameaça fortes medidas de retaliação.

Camião de bombeiros frente ao consulado da China em Houston, após denúncias de vizinhos, de que documentos estavam a ser queimados num contentor nas traseiras do edifício a 21 de Julho de 2020.
Camião de bombeiros frente ao consulado da China em Houston, após denúncias de vizinhos, de que documentos estavam a ser queimados num contentor nas traseiras do edifício a 21 de Julho de 2020. AP Photo/David J. Phillip
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A Convenção de Viena diz que os diplomatas devem respeitar as leis e regras do país anfitrião e têm o dever de não interferir nos assuntos internos desse Estado”, afirmou esta quarta-feira (22/07) a porta-voz do Departamento de Estado, Morgan Ortagus.

Ordenamos o encerramento do consulado da República Popular da China em Houston, a fim de proteger a propriedade intelectual e as informações privadas dos cidadãos norte-americanos”, prosseguiu, sem detalhar, a porta-voz do Departamento de Estado, que acompanha o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, em visita a Copenhaga.

Esta decisão surge num cenário de tensões crescentes entre as duas potências em várias frentes: guerra comercial, reivindicações de Pequim no Mar da China, a polémica lei de segurança nacional em Hong Kong, acusações de espionagem e a situação de direitos humanos da minoria muçulmana uigur na região chinesa de Xinjiang, no noroeste da China.

Os Estados Unidos não vão tolerar as violações à nossa soberania e intimidação do nosso povo pela China, assim como não toleramos práticas de comércio injustas, roubo de empregos norte-americanos e outros comportamentos flagrantes. O Presidente Donald Trump insiste na justiça e na reciprocidade nas relações sino-norte-americanas”, continuou a porta-voz, em declarações à imprensa.

A China anunciou esta quarta-feira (22/07) que foi forçada pelos Estados Unidos a encerrar o seu consulado na cidade norte-americana de Houston, no Texas, medida descrita por Pequim como uma “provocação política”, que “viola o direito internacional e os acordos consulares entre os dois países” e advertiu que vai haver “retaliação”.

O consulado de Houston é o maior dos cinco consulados chineses nos Estadois Unidos, aberto em 1979, ano do estabelecimento de relações diplomáricas entre os dois países e que tem incritos cerca de 900 000 cidadãos chineses. 

O diário chinês Global Times cita uma sondagem na rede Twitter - proíbida na China - através da qual os internautas pedem o encerramento de um dos cinco consulados americanos na China continental e porque não o da sua representação diplomática em Hong Kong.

A China condena veementemente esta ação ultrajante e injustificada”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa Wang Wenbin, em conferência de imprensa.

Pedimos aos EUA que corrijam esta decisão errada, ou caso contrário a China vai adoptar uma retaliação legítima e necessária”, disse Wang, acrescentando que o "encerramento unilateral do consulado geral em tão pouco tempo" representa “uma escalada sem precedentes das acções norte-americanas contra a China”.

A imprensa de Houston relata citando o chefe dos bombeiros que estes responderam na terça-feira (21/07) a denúncias de um incêndio no pátio do consulado chinês, mas não foram autorizados a entrar, enquanto testemunhas relataram à polícia local terem visto pessoas a queimar papeis no que parecia um contentor, nas traseiras do edifício, segundo o jornal Houston Chronicle.

O canal de televisão Fox News denunciou que o pessoal diplomático estava a queimar documentos e outro material no pátio do consulado quando os bombeiros foram chamados.

O ministério norte-americano da justiça anunciou esta terça-feira (21/07) a detenção de dois cidadãos chineses, acusados de ciber-espionagem, designadamente contra empresas que trabalham na pesquisa sobre a vacina contra a pandemia de Covid-19.

A China acusa os Estados Unidos de "difamação" e advertiu os mais de 300.000 estudantes chineses nos Estados Unidos que poderiam ser alvo de "interrogatórios arbitrários, assédio, apreensão de bens pessoais e prisões", pode ler-se num comunicado do ministério chinês dos negócios estrangeiros.

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