"Nova rota da seda": Austrália cancela acordo com China
A China considerou esta quinta-feira que o acordo cancelado por parte da Austrália, sobre o projecto chinês "Novas rotas da seda", num momento de tensão entre Pequim e Canberra, constitui um "dano grave" para as relações bilaterais.
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Austrália decidiu cancelar o acordo com a China quanto às "Novas rotas da seda". Pequim denuncia "dano grave" para relações bilaterais.
A China já anunciou retaliações e garante que vai avançar com "medidas complementares", advertiu o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin.
Na quarta-feira, a ministra australiana dos Negócios Estrangeiros, Marise Payne, anunciou que o país iria voltar atrás quanto ao acordo assinado entre o Estado australiano de Victoria e a China para participar no projecto "Novas rotas da seda". Marise Payne considera ser incompatível com a política externa do país, num momento de crise nas relações entre Canberra e Pequim.
O projecto "Novas rotas da seda", anunciado em 2013 pelo presidente chinês, Xi Jinping, tem como meta melhorar as ligações entre Ásia, Europa, África e outras áreas com a construção de portos, ferrovias, aeroportos e centros industriais.
As obras são integralmente financiadas com investimentos chineses e empréstimos de milhões de dólares. Vários países ocidentais e rivais da China levantam receios ao projecto, considerando ser uma tentativa da China aumentar a sua influência política e económica.
"O governo federal australiano, de forma irracional, impôs o veto ao acordo de cooperação", afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa, completando "trata-se de uma interferência arbitrária em cooperações normais. Isto representa um dano grave para as relações entre Austrália e China e para a confiança mútua entre ambos países".
As relações bilaterais entraram em crise em 2018, quando a Austrália decidiu não escolher o grupo chinês de telecomunicações Huawei na construção da rede 5G, justificando ser uma escolha por motivos de segurança nacional.
A relação ficou ainda mais tensa quando o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, pediu no ano passado uma investigação internacional sobre a origem da pandemia de Covid-19.
Pequim adoptou nos últimos meses várias medidas de represália económica contra vários produtos australianos, como cevada, carne bovina e vinho.
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