Estilista japonês Kenzo Takada morre aos 81 anos vítima de Covid-19
O estilista japonês Kenzo Takada faleceu aos 81 anos, vítima do novo coronavírus, depois de uma carreira que "iluminou" a moda francesa.
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Kenzo Takada, que construiu um império da moda que vai de roupas a perfumes, deixou-nos este domingo, 4 de Outubro, no Hospital Americano de Neuilly-sur-Seine, na região de Paris, vítima de covid-19.
"Acredito ter trazido liberdade à moda, na forma de vestir, de se movimentar, nas cores. A mulher Kenzo é uma mulher livre, bonita e dinâmica", confidenciou recentemente o estilista à AFP.
"A sua criatividade era incrível: bastava um traço de lápis, um gesto vivo, para inventar uma nova fábula artística, uma nova epopeia de cores que unia Oriente e Ocidente, o Japão natal e a sua vida parisiense", resumiu Jonathan Bouchet Manheim, director geral da K-3, a última empresa de design fundada por Kenzo, em Janeiro de 2020.
A morte de Kenzo Takada acontece em plena Fashion Week na capital francesa, na qual a empresa apresentou na quarta-feira passada a nova colecção para a próxima colecção primavera-verão.
Nascido em 27 de Fevereiro de 1939 em Himeji, perto de Osaka, Kenzo apaixonou-se pelos desenhos e pela costura, ensinados para as irmãs e proibidos para os rapazes.
Foi expulso do seu apartamento em Tóquio devido aos Jogos Olímpicos, deixou o país em 1964 depois de estudar estilismo. Chegou de navio ao porto francês de Marselha em 1965 e ficou fascinado por Paris.
A adaptação à capital francesa foi um desafio, principalmente pela dificuldade da língua francesa. "Tudo parecia sombrio para mim, até Saint-Germain-des-Prés", o bairro artístico emblemático de Paris, disse ele em 1999 ao jornal francês Libération.
Kenzo persistiu, bateu às porta de designers para apresentar propostas, e começou a colaborar com marcas de prêt-à-porter, como Dorothée Bis, Sonia Rykiel e Cacharel.
Em 1970, lançou sua primeira colecção com o nome de Jungle Jap, criada numa pequena loja que decorou como uma selva. Seis anos depois, fundou sua própria marca apenas com o primeiro nome.
"Nessa altura, os tecidos sintéticos estavam na moda em Paris e as roupas eram quase todas escuras. Aproveitei uma viagem ao Japão para comprar tecidos de algodão coloridos", conta o estilista.
As roupas, inspiradas tanto na moda parisiense quanto nos quimonos japoneses, mesclavam cores e estampas com ousadia. Nos desfiles, as modelos dançavam e exalavam alegria.
A primeira linha masculina chegou em 1983 e o primeiro perfume, em 1988. Em 1993, a empresa foi adquirida pelo grupo de luxo LVMH por quase 500 milhões de francos (85 milhões de dólares).
"Foi um designer de imenso talento, deu à cor e à luz seu lugar na moda. Paris hoje está de luto por um de seus filhos", escreveu no Twitter a presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo.
"Agora sinto-me mais parisiense do que japonês, mas se eu nascesse de novo, não sei se viveria minha vida em Paris", confessou ao semanário Paris Match.
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