Acesso ao principal conteúdo
Rússia/Covid-19/Lenine

Rússia/Covid-19: vender múmia de Lenine para financiar gastos da pandemia ?

Na Rússia, o líder nacionalista Vladimir Zhirinovsky propoe vender a múmia de Vladimir Lenine, o símbolo da Revolução Bolchevique de 1917, cuja conservação custa 173 milhões de dólares anuais e que está exibida desde a sua morte em 1924 num mausoléu na Praça Vermelha, em Moscovo.

Estátua de Lenine, derrubada em novembro de 1991 em Berlim este.
Estátua de Lenine, derrubada em novembro de 1991 em Berlim este. AFP PHOTO / DPA / BERND SETTNIK
Publicidade

Vladimir Zhirinovsky, líder do partido ultra-nacionalista LDPR -  Partido Liberal Democrata da Rússia, segunda força política da oposição é o mentor desta iniciativa, que até agora não teve apoio de outros partidos.

Segundo Zhrinovski "há países potencialmente interessados, como a China, o Vietname ou outros países comunistas e o seu corpo está em boas condições, foi embalsamado há apenas 96 anos" pode ler-se no seu perfil no Twitter.

Este polémico político russo, inscreve-se na linha do empresário francês Stéphane Distinguin, que para fazer face à crise económica provocada pela pandemia, sugeriu que a França devia vender as suas "jóias de família", a começar pelo quadro da Mona Lisa ou Gioconda de Leonardo da Vinci, que segundo ele vale cerca de 50 milhões de euros, um terço da fortuna do homem mais rico do mundo Jeff Bezos e praticamente a mesma soma que ele pagou à sua esposa no seu recente divórcio.

Vladimir Ilitch Ulyanov "Lenine", além do símbolo máximo da Revolução Bolchevique de outubro 1917 é uma grande atracção turística cujo mausoléu em mármore vermelho e preto, na Praça Vermelha, aos pés do Kremlin, no centro de Moscovo desde a sua morte em 1924, é visitado por milhares de pessoas de vários países.

O primeiro mausoléu foi construí­do provisoriamente em madeira, três dias depois da morte do líder bolchevique e 30 dias depois foi encerrado, para que o seu corpo fosse embalsamado com novas técnicas, permitindo uma melhor conservação e o actual mausoléu data de 1930. 

Conservar Lenine custa cerca de 173.000 dólares por ano e a economia russa está praticamente paralisada desde março devido à pandemia de Covid-19 que oficialmente causou desde 31 de janeiro 545.458 infectados, 294.306 curados e 7.284 mortos.

Além disso o preço do petróleo está em queda livre.

O debate sobre o que fazer com a múmia de Lenine data da Perestroika

O presidente Vladimir Putin, defende que não se deve mexer no corpo "pelo menos enquanto tivermos entre nós muitas pessoas cujas experiências ainda estão ligadas, de alguma maneira, às realizações do período soviético".

Vladimir Legoida, director do departamento de comunicação do Sínodo Sagrado da Igreja Ortodoxa da Rússia, sustenta que “o ideal seria enterrá-lo,mas é preciso que o país esteja preparado”.

"Há pessoas que ainda acreditam que Lenine tinha boas intenções, que era um idealista e que a sua revolução foi traída por Staline, um monstro, mas Lenine realmente criou Staline", explica por sua vez Victor Sebestyen, historiador da Rússia e do comunismo.  

Mausoléu vermelho e preto

Dentro da cripta bolchevique, ao pés do Kremlin, centro político da Rússia, a atmosfera é de veneração e de respeito: é obrigatório remover as mãos dos bolsos, manter silêncio total, com proibição absoluta de fotografar ou filmar o corpo de Lenine.

O governo do Vietname entrou em contacto com especialistas que cuidam do corpo mumificado de Lenine no ano passado, para que estes ajudssem a travar a deterioração do corpo do seu líder Ho Chi Minh, embalsamado desde 1969.

China, Coreia do Norte e Vietname, mumificaram os seus líderes fundadores, utilizando o método "Lenin Laboratory" desenvolvido na União Soviética.

No entanto o corpo de Lenine nem sempre esteve sózinho, pois após a morte de Stalin em 1953, o seu corpo embalsamado, foi exposto ao lado do de Lenine na Praça Vermelha, mas quando a "desestalinização" começou em 1961, Stalin foi enterrado na necrópole no Kremlin.

O próprio Lenine, antes de sua morte, supostamente teria pedido para ser enterrado ao lado de sua mãe em São Petersburgo, mas segundo a agência russa de notícias Sputnik, a lei russa actual prevê que tal só será possível com o consentimento da famí­lia do falecido.

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.