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Coreia do Norte/Coreia do Sul

Coreia do Norte fez explodir o gabinete de relações com a Coreia do Sul

A Coreia do Norte fez explodir esta terça-feira (16/06) o seu gabinete de relações com a Coreia do Sul, em Kaesong, perto da fronteira entre os dois países, segundo o ministério da Unificação, após dias de críticas e ameaças de Pyongyang.

Líder norte-coreano Kim Jong-Un e sua influente irmã mais nova Kim Yo-Jong, vice-directora do Departamento da Frente Unida, um poderoso organismo do partido comunista, que gere as relações com a Coreia do Sul.
Líder norte-coreano Kim Jong-Un e sua influente irmã mais nova Kim Yo-Jong, vice-directora do Departamento da Frente Unida, um poderoso organismo do partido comunista, que gere as relações com a Coreia do Sul. REUTERS - POOL New
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A Coreia do Norte explodiu o gabinete de Kaesong às 14h49 locais”, segundo o ministério da Unificação, que trata das relações entre as duas Coreias, numa breve mensagem à imprensa.

Tal simboliza o corte de relações entre as duas Coreias e isto apesar do escritório ter suspendido as suas actividades desde janeiro devido à pandemia de Covid-19.

Pouco antes, a agência de imprensa sul-coreana Yonhap revelou imagens da explosão no complexo industrial desactivado na cidade fronteiriça de Kaesong, onde se situa o gabinete de ligação norte-sul.

Esta segunda-feira (15/06) o presidente sul-coreano Moon Jae-In que defende a paroximação entre as duas Coreias, pediu ao norte que "não deixe fechar a janela do diálogo", mas esta terça-feira (16/06) a imprensa norte-coreana afirma que o exército está "totalmente preparado" para actuar contra a Coreia do Sul.

A escalada entre as duas Coreias aumentou a 5 de junho quando Pyongyang ameaçou pela segunda vez em dois dias, cortar os canais de comunicação política e militar com a "inimiga Coreia do Sul" e adoptar medidas de retaliação depois de folhetos terem sido lançados através de balões sobre o seu território, com mensagens críticas ao regime comunista norte-coreano e ao seu líder Kim Jong un, acusando-o de violar os direitos humanos e denunciando a sua política nuclear.

A ameaça mais séria foi feita este sábado (13/06) por Kim Yo-Jong a cada vez mais influente irmã mais nova do dirigente norte-coreano Kim Jong Un e vice-directora do Departamento da Frente Unida (um poderoso organismo do partido comunista, que gere as relações com o sul), que tinha alertado para "uma cena trágica" de destruição do "inútil" escritório, ela defende a ruptura com o país vizinho e autorizou o Exército a tomar as medidas necessárias.

As relações inter-coreanas sofrem sucessivas escaladas de tensão, apesar das expectativas criadas nas três cimeiras ocorridas em 2018, entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, que culminaram num acordo militar, destinado a aliviar as tensões na fronteira entre os dois países.

O escritório de ligação inter-coreano foi estabelecido em 2018 como parte de uma série de projetos que visam reduzir as tensões entre as duas Coreias.

Washington apelou a Coreia do Norte a retomar "o caminho da diplomacia", mesmo se Pyongyang encerrou praticamente as relações com Seul, após o fracasso da cimeira de Hanói em fevereiro de 2019, entre Kim Jong-Un e o presidente americano Donald Trump.

Desde então, as negociações entre Washington e Pyongyang sobre os programas de mísseis nucleares e balísticos da Coreia do Norte estão paralisadas, mas a Coreia do Norte efectuou vários testes de mísseis nucleares nos últimos meses 

Subida de tensão entre as duas Coreias

As duas Coreias estão tecnicamente em guerra desde o armistício de 1953, que pôs termo ao conflito armado entre os dois países, mas que nunca foi substituído por um tratado de paz.

A 4 de junho deste ano a Coreia do Norte ameaçou romper o acordo militar com a Coreia do Sul e fechar o escritório de ligação entre os dois países, caso Seul não impeça que os activistas lançem panfletos para o outro lado da fronteira.

As autoridades sul-coreanas disseram que pressionariam, para promover uma lei proibindo o lançamento de folhetos, mas o anúncio provocou debates sobre a possível violação da liberdade de expressão no país.

Refugiados norte-coreanos e activistas lançam através da fronteira balões com panfletos, que acusam o líder norte-coreano de violar os direitos humanos e denunciam a sua política nuclear.

"As autoridades sul-coreanas pagarão um preço elevado caso permitam que esta situação continue, enquanto apresentam todo tipo de desculpas", afirmou Kim Yo-Jong, a influente irmã mais nova de Kim Jong-Un, em comunicado publicado pela agência estatal KCNA. 

Ela apelidou os norte-coreanos que fugiram do país de "podridão humana" e "cães bastardos podres" que traíram sua pátria e afirmou que "é o momento para que seus proprietários prestem contas", em referência ao governo sul-coreano.

Ameaçou fechar o gabinete de ligação inter-coreano e romper o acordo militar assinado durante a visita de Moon Jae-In a Pyongyang em 2018, cujo objectivo era aliviar as tensões na fronteira. 

A maior parte dos acordos anunciados durante o encontro não foi aplicada e a Coreia do Norte prosseguiu com dezenas de testes militares.

No mês passado soldados de ambos os lados trocaram tiros na zona desmilitarizada entre as duas Coreias e recentemente as Forças Armadas da Coreia do Norte ameaçaram tomar esta zona.

Kim Yo Jong também ameaçou pôr termo aos projectos económicos entre as duas nações, em particular os do parque parque industrial intercoreano de Kaesong e as visitas ao Monte Kumgang.

As duas actividades, lucrativas para Pyongyang, estão suspensas há alguns anos devido às sanções impostas à Coreia do Norte pelos seus programas de mísseis nucleares e balísticos proibidos.

 

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