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Covid-19/Hidroxicloroquina

Hidroxicloroquina não é eficaz contra a pandemia de Covid-19

Dois novos estudos oriundos da França e da China, publicados pela revista médica britânica BMG, demonstram que a hidroxicloroquina não é eficaz contra o novo coronavirus Sars-Cov-2, responsável pela pandemia de Covid-19, que já causou a morte de mais de 300.000 pessoas no mundo.

Polémico epidemiologista francês Didier Raoult, que defende a utilisação da hidroxicloroquina, associada a um antibiótico como tratamento da pandemia de Covid-19.
Polémico epidemiologista francês Didier Raoult, que defende a utilisação da hidroxicloroquina, associada a um antibiótico como tratamento da pandemia de Covid-19. GERARD JULIEN / AFP
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A hidroxicloroquina, medicamento derivado do anti-palúdico cloroquina, eficaz em multi-terapias para combater a malária, dengue ou chicungunia, e que suscitou uma grande esperança no tratamento do novo coronavirus responsável pela pandemia de Covid-19, mostra-se pouco eficaz para combater a pandemia de Covid-19, tanto em casos graves ou mais ligeiros, de acordo com dois novos estudos, efectuados em França e na China, publicados nesta sexta-feira (15/05) pela prestigiosa revista médica britânica BMG

A primeira pesquisa, realizada por um grupo de cientistas de hospitais parisienses, concluiu que a molécula não reduz os riscos de morte, nem de admissão em serviços de reanimação e de respiração artificial, em pacientes hospitalizados com pneumonia causada pelo coronaví­rus.

O estudo foi realizado com 181 pacientes adultos, internados com pneumonia causada pelo Covid-19, necessitando administração de oxigénio, dos quais 84 foram tratados com a hidroxicloroquina menos de dois dias depois da sua hospitalização, enquanto os outros 97 pacientes foram acompanhados, seguindo protocolos clássicos.

O uso do medicamento não alterou a evolução da doença: 76% dos tratados com a hidrocloroquina entraram nos serviços de reanimação 21 dias depois de contraída a penumonia, contra 75% do outro grupo e a taxa de sobrevivência no 21° dia foi de respectivamente 89% e 91%.

"A hidroxicloroquina foi alvo de atenção mundial como tratamento potencial contra a Covid-19, depois de resultados positivos de alguns estudos, mas os efeitos da molécula em pacientes hospitalizados com Covid-19 necessitando de oxigénio, ainda não tinham sido observados", concluem os pesquisadores de vários hospitais parisienses.

De acordo com o segundo estudo, realizado por uma equipe de cientistas chineses, em 150 pacientes adultos internados sobretudo com formas ligeiras ou moderadas de Covid-16, de que metade receberam tratamento durante quatro semanas, a hidroxocloroquina não elimina o ví­rus mais rapidamente do que outros tratamentos "standard",mas os efeitos secundários podem ser graves ou mais ligeiros como diarreia, registada em 30% dos doentes, contra 9% nos que não tomaram a hidroxicloroquina.

"Resumindo os resutados obtidos, não recomendam o uso da hidroxocloroquina como um tratamento de rotina para os pacientes contaminados pelo coronaví­rus", pode ler-se no comunicado a revista britânica BMJ.

Utilizada para tratar doenças autoimunes, como o lúpus e a poliartrite reumatoide, a hidroxocloroquina (comercializada em França sob o nome de Plaquenil) tem vários defensores, entre os quais se destaca o polémico professor francês Didier Raoult, especialista em doenças infecciosas e director do Instituto Hospitalo-Universitário do Mediterrâneo (IHU em Marselha), que recomenda sua administração em pacientes, no início da detecção da patologia, associada ao antibiótico azitromicina.

Num estudo publicado em Março de 2020 o Dr. Didier Raoult afirma que após testes em 1.000 pacientes, dos quais 95% com formas ligeiras de Covid-19, após 10 dias de tratamento, 91,7% deixaram de diagnosticar carga viral positiiva ao coronavirus.

Em África países como o Togo, Senegal, Marrocos e Argélia, também aconselham o tratamento dos pacientes de Covid-19 com hudroxicloroquina, tal como o Presidente Donald Trump, mas nas últimas semanas, entretanto, vários estudos questionaram a eficácia da molécula e sobretudo os seus efeitos colaterais, especialmente a nível cardíaco, pelo que as autoridades sanitárias em vários países como a França e a Costa do Marfim, apenas autorizam a sua administração em casos graves de Covid-19 e sob estrita vigilância médica e/ou hospitalar.

Finalmente a OMS, que lançou um vasto teste clínico a nível internacional, condenou em Março "a utilisação de medicamentos sem prova da sua eficácia" e lançou um alerta sobre as "falsas esperanças" que tal pode suscitar, numa referência à publicação do Dr. Raoult

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