Acesso ao principal conteúdo
Covid-19/França/Tocilizumabe

França: testes promissores com Tocilizumabe contra formas graves de Covid-19

O medicamento imunomodulador Tocilizumabe mostrou sua eficácia em pacientes com COVID-19 em estado grave, de acordo com um estudo francês ainda não publicado e cujos primeiros resultados foram divulgados na segunda-feira, 27 de abril.

Testes clínicos com Actemra/RoActemra - Tocilizumabe efectuados em 13 hospitais franceses, revelam-se promissores, para tratar pacientes com Covid-19 grave ou moderada.
Testes clínicos com Actemra/RoActemra - Tocilizumabe efectuados em 13 hospitais franceses, revelam-se promissores, para tratar pacientes com Covid-19 grave ou moderada. © roche.com
Publicidade

O medicamento imunomodulador Tocilizumabe utilisado há uma dezena de anos no tratamento da poliartrite reumatóide de moderada a grave (doença inflamatória crónica das articulações), mostrou a sua eficácia em pacientes com COVID-19 em estado grave, de acordo com um estudo francês ainda não publicado, cujos primeiros resultados foram divulgados esta segunda-feira (27/04).

Este tratamento reduziu "significativamente" a proporção de pacientes que tiveram de ser transferidos para terapia intensiva, ou morreram, em comparação com os que receberam o tratamento padrão, segundo comunicado da Assistência Pública-Hospitais de Paris - AP-HP.

 Este é o "primeiro estudo comparativo por tiragem à sorte que demonstra um benefício clínico" deste tratamento em pacientes com COVID-19 com infecção grave e/ou pneumonia, após testes efectuados desde finais de março em 13 hospitais em Paris e Estrasburgo.

Os resultados ainda precisam de ser "consolidados" e serão publicados brevemente numa revista científica, mas a AP-HP decidiu divulgá-los agora "por razões de saúde pública", devido ao contexto da crise pandémica, e comunicá-los às autoridades sanitárias francesas e à Organização Mundial da Saúde - OMS.

 O tocilizumabe (Actemra, ou RoActemra), produzido pelo laboratório suiço Roche, pertence à família de anticorpos monoclonais - anticorpos criados em laboratório, derivados de uma única cepa de linfócitos e concebidos para responder a um alvo específico.

Geralmente usado no tratamento da artrite reumatoide, funciona bloqueando o receptor de uma proteína do sistema imunológico, que desempenha um papel importante no processo inflamatório.

Alguns pacientes de Covid-19 sofrem um agravamento rápido de seu estado clínico após alguns dias, causando desconforto respiratório agudo, um fenómeno que está, provavelmente, ligado a uma reação imune excessiva do corpo.

129 pessoas hospitalizadas em 13 hospitais foram incluídas no estudo: pacientes com COVID-19 sofrendo uma pneumonia "de moderada a grave", necessitando assistência respiratória com oxigénio.

Um perfil que corresponde a "apenas 5% a 10% dos pacientes infectados" pelo Covid-19, mas que estão entre os que correm maior risco de serem submetidos à respiração artificial, ou à morte, afirmou Xavier Mariette, coordenador deste estudo.

Metade dos participantes nos testes recebeu uma ou duas injeções de tocilizumabe, além do tratamento padrão (oxigénio, antibióticos e anticoagulantes) e a outra metade recebeu apenas o tratamento padrão.

Eles foram acompanhados durante 14 dias, para obter estes resultados intermediários, um acompanhamento que continuará, a fim de confirmar as conclusões.

Nesta fase, os pesquisadores não observaram mais efeitos colaterais indesejáveis nos pacientes que receberam o imunomodulador do que naqueles que receberam o tratamento padrão, ressalvou Mariette.

Outras equipas já relataram resultados encorajadores sobre o tocilizumabe, particularmente no Hospital Foch, em Suresnes, nos arredores de Paris, mas esses estudos foram "abertos", sem um grupo de controle randomizado, que não revelaram "o mesmo nível de evidência" e "não permitem definir um padrão de tratamento", segundo os investigadores da AP-HP.

O custo atual do tocilizumabe é de cerca de 800 euros por injecção e a maioria dos paciente tede duas, um preço elevado, mas muito mais baixo do que o de um dia de hospitalização numa unidade de terapia intensiva.

Um medicamento comparável, o sarilumabe (Kevzara), desenvolvido pela Sanofi e Regeneron, também está a ser testado no mesmo programa de ensaios clínicos, chamado CORIMMUNO e os  primeiros resultados devem ser conhecidos brevemente, de acordo com Xavier Mariette.

Actualmente para lutar contra o coronavírus, foram testados dois métodos: o primeiro consistiu em "bloquear o vírus com antivirais" mas até ao momento tal não deu resultados positivos, o segundo método é "bloquear a inflamação ao nível dos pulmões, para evitar que ela atinga uma face ierreversível" o que parece funcionar com o Tocilizumabe, segundo o professor Jacques Éric Gottenberg, chefe do serviço de reumatoligia dos hospitis universitários de Estrasburgo-Hautepierre.

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.