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Chile

Faleceu o escritor Chileno Luís Sepúlveda, vítima do covid-19

Faleceu hoje em Oviedo, em Espanha, aos 70 anos de idade, o autor de «O Velho Que Lia Romances de Amor». Jornalista, romancista, roteirista, Luís Sepúlveda era uma das mais importantes vozes da literatura mundial. Ele faz parte das numerosas vítimas do covid-19, doença que lhe foi diagnosticada em finais de Fevereiro, após ter participado num encontro literário em Portugal.

O escritor chileno Luis Sepulveda nos estudios da RFI.
O escritor chileno Luis Sepulveda nos estudios da RFI. © Jordi Batallé
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Nascido em Ovalle no Chile a 4 de Outubro de 1949, de uma mãe enfermeira com origens Mapuche e um pai dono de um restaurante e militante comunista, Luís Sepúlveda cresceu em Santiago, a capital chilena, onde cedo revela interesse pela política, tendo ingressado na juventude comunista adolescente e pelo teatro, chegando a tornar-se director da Escola de Teatro da Universidade do Chile onde estudou.

Em 1970, galardoado com o Prémio Casa das Américas pelo seu primeiro livro «Crónicas de Pedro Nadie» e titular de uma bolsa de estudo de cinco anos na Universidade Lomonosov de Moscovo, ele parte para a então URSS, mas acaba por ser expulso ao fim de cinco meses alegadamente por ter estado em contacto com dissidentes.

Três anos mais tarde, após o golpe militar de Augusto Pinochet, o escritor e membro do partido socialista chileno é preso e condenado a 28 anos de prisão por traição e conspiração. Solto em 1977, parte para o exilio e vai trabalhar designadamente como repórter em vários países da América latina, como o Peru, o Brasil ou ainda no Equador onde vai viver no seio da comunidade dos índios Shuar, no âmbito de uma missão de estudo da UNESCO.

Na década de 80, Luís Sepúlveda vai tomar o rumo da Europa, instalando-se na Alemanha onde vai estudar Ciências da Comunicação na Universidade de Heidelberg e onde, nos 14 anos que passa naquele país, vai aproximar-se dos ambientalistas e partir em missões pelos mares do mundo juntamente com a Greenpeace.

A sua escrita alimentada pelas suas viagens e as suas posições políticas transporta-nos, em finais de 80, para o ambiente tépido da floresta amazónica em «O Velho Que Lia Romances de Amor», onde um homem solitário vive retirado, longe daqueles que julgam dominar os elementos com as armas. Este romance revela Luís Sepúlveda ao mundo.

Estabelecido desde 1997 juntamente com a mulher, a poetisa chilena Carmen Yáñez, em Gijón, em Espanha, Luís Sepúlveda fundou naquela cidade o Salão do Livro Ibero-americano.

Escritor militante, apesar de viver longe do seu país, ele continuava activo politicamente e apoiou publicamente há meses os protestos por mais justiça social no Chile e declarou ainda recentemente nas antenas da RFI, "não conseguir imaginar a literatura sem ser um acto de resistência contra tudo o que se julga sujo e injusto".

Autor de mais de vinte obras entre contos e romances dos quais se destacam «Patagónia express» (1994) ou ainda «As rosas de Atacama» (2000), Luís Sepúlveda vendeu mais de 18 milhões de livros em todo o mundo e foi traduzido em mais de 60 idiomas.

 

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