Mais de 100.000 casos suspeitos de cólera no Iémen

A epidemia de cólera que afecta o Iémen desde fim de Abril já tirou a vida a 789 pessoas e contabilizam-se mais de 100.000 casos suspeitos. O alerta é da Organização Mundial de Saúde.

Reuters/Anees Mahyoub

101.820 casos suspeitos e 789 mortos por cólera em 19 províncias do Iémen desde 27 de Abril, segundo o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.

Já a 19 de Maio a Organização Mundial de Saúde, numa altura em que o país registava 23.000 casos suspeitos, mostrou preocupação com a possibilidade de se atingir os 250.000 casos de cólera em seis meses.

Segundo um comunicado publicado esta quinta-feira pela organização não-governamental Oxfam, a cólera mata uma pessoa por hora no Iémen.

“O Iémen está à beira do abismo”, declarou o director da Oxfam no país, Sajjad Mohammed Sajid. Se o surto não for contido, a cólera “irá ameaçar a vida de milhares de pessoas nos próximos meses”, estima a ong, que apela a um “cessar-fogo imediato” para permitir a intervenção dos trabalhadores humanitários.

A cólera é uma infecção intestinal aguda causada pela ingestão de água ou alimentos contaminados pelas estirpes das bactérias Vibrio cholerae.

A epidemia está a espalhar-se rapidamente neste país pobre da Península Arábica, onde as instalações hospitalares e as condições de higiene deterioraram-se profundamente devido à guerra entre os rebeldes e as forças governamentais, estas últimas apoiadas por uma coligação árabe liderada pela Arábia Saudita. O conflito dura há mais de dois anos.

O conflito no Iémen já provocou mais de 8.000 mortos e 45.000 feridos em dois anos, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas. No final de Maio, o mediador da ONU Ismail Ould Cheikh Ahmed tinha anunciado no Conselho de Segurança que não tinha sido feito nenhum progresso para relançar as negociações de paz ou para obter um acordo sobre o futuro do porto de Hodeida, nas mãos dos rebeldes e por onde transita o grosso das importações do Iémen.