Haiti tem novo primeiro-ministro
Fritz-Alphonse Jean foi nomeado, esta sexta-feira, como primeiro-ministro do Haiti pelo Presidente interino, Jocelerme Privert, dez dias depois da eleição do presidente interino, pelo Senado, eleições que desenharam uma saída para a crise política que se vive no país.
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O próximo passo do antigo governador do Banco Central Nacional, Fritz-Alphonse Jean, será a constituição do governo, antes de apresentar o projecto político diante dos deputados e senadores. Face a uma classe política muito polarizada, o chefe do executivo vai apostar numa política de união.
" O debate é o único meio para podermos salvar o Haiti. Temos de saber identificar os diferentes valores que estão presentes no país, encontrar uma maneira de os colocar em comum e assim encontrar as energias necessárias para fazer face aos nossos problemas", declarou o novo primeiro-ministro à rádio privada do Hati.
Esta nomeação é mais um passo para a saída da crise política na qual está mergulhado há já vários meses o país. Em causa os sucessivos atrasos na segunda volta da eleição presidencial, por causa da contestação da oposição, atrasos que fizeram com que Presidente Michel Martelly acabasse o mandato, a 7 de Fevereiro, sem que tivesse sido eleito um sucessor.
O haitiano Rafael Lucas, professor catedrático na Universidade de Bordéus, fala dos desafios do novo chefe de governo.
Rafael Lucas - Professor Universitário
Um acordo assinado antes da saída de Martelly
Este acordo deu ao Parlamento a responsabilidade de eleger um presidente interino para preencher o vazio institucional. A 15 de Fevereiro, os deputados e senadores, nomearam Jocelerme Privert como chefe de Estado de transição. O antigo presidente do Senado tem como missão, no mandato de 120 dias, de acabar o processo eleitoral, todavia esta missão está longe de ser uma formalidade no país.
No país aguarda-se ainda a composição do Conselho eleitoral provisório CEP- o órgão responsável pela organização do escrutínio. O CEP resultou de longas negociações entre o poder e a oposição. Entretanto, antes da retoma do processo eleitoral, vários partidos políticos e organizações da sociedade civil reclamam a constituição de uma comissão independente para averiguar casos de irregularidades que perturbaram a primeira volta das eleições presidenciais.
"Farsa ridícula"
Na primeira volta das eleições a 25 de Outubro, o candidato do poder, Jovenel Moise, conquistou 32,76% dos votos, contra 25,29% obtidos por Jude Célestin que qualificou os resultados como uma "farsa ridícula". Depois do anuncio dos resultados e até à anulação do escrutínio, a oposição multiplicou as manifestações para denunciar "um golpe de Estado Eleitoral".
A perspectiva de uma transição política a longo termo constituiu um entrave para a frágil economia do país mais pobre das Caraíbas. A instabilidade política fasta os possíveis investidores, agrava a inflação e penaliza os cerca de 60% de haitianos que vivem no limiar da pobreza.
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