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Ucrânia/referendo

Eleitores começaram a votar pela independência de Donetsk e Lugansk

Ignorando os apelos de Kiev e dos países ocidentais, os moradores do leste da Ucrânia começaram a votar neste domingo (11) para decidir o futuro de algumas regiões que mantiveram a organização de um referendo para definir sua independência. As urnas foram abertas às oito horas da manhã, pelo horário local, e a votação acontece sem violência. Os resultados dessa consulta popular podem representar uma secessão histórica do país.

Eleitores votam em Mariopol, neste domingo 11 de maio de 2014.
Eleitores votam em Mariopol, neste domingo 11 de maio de 2014. REUTERS/Marko Djurica
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Milhões de ucranianos do leste do país foram convocados às urnas e devem dizer se aceitam ou não a independência das repúblicas autoproclamadas de Donetsk e Lugansk, duas regiões que fazem fronteira com a Rússia e são controladas pelos separatistas pró-russos.

As autoridades de Kiev denunciam a legitimidade do referendo e qualificam os separatistas, apoiados por Moscou, de "terroristas". Por outro lado, os rebeldes não reconhecem o poder central de Kiev, comandado provisoriamente pelo presidente interino Aleksandr Turshinov após a queda de Viktor Ianukovicht, em fevereiro.

Centenas de pessoas faziam filas desde o início da abertura das seções eleitorais na periferia de Mariopol, no sudeste do país, onde confrontos violentos entre forças ucranianas e rebeldes pró-russos na sexta-feira deixaram pelo menos 20 mortos.

O enviado especial da RFI, Daniel Vallot, constatou que no centro de Donetsk, mal foram abertas as urnas em uma das escolas da região central da cidade, uma longa fila havia se formado com eleitores bem dispostos a votar. Um deles declarou que para os habitantes de Donetsk, não havia outra solução senão "a separação da Ucrânia e do governo fascista" que se instalou em Kiev.

Segundo os organizadores do referendo, mais de 1.200 urnas foram instaladas em diferentes locais de votação para permitir que 7,5 milhões de eleitores depositassem seus votos. Os responsáveis pelo referendo comemoravam o fato de que "tudo estava ocorrendo como previsto".

Risco de secessão histórica

O temor de Kiev e de vários países ocidentais é de que o referendo produza o mesmo efeito do realizado na Crimeia onde, em março, os eleitores votaram pela independência da região, que foi anexada posteriormente pela Rússia.

No sábado à noite, os Estados Unidos avisaram que não vão reconhecer os resultados dos referendos "ilegais diante da lei ucraniana e que são uma tentativa de provocar divisões e problemas". Os Ocidentais já anunciaram uma série de sanções contra a Rússia, acusada de comandar o movimento separatista no leste da Ucrânia. Os líderes ameaçam impor novas sanções caso não sejam realizadas as eleições presidenciais ucranianas antecipadas para o dia 25 de maio.

"Um fracasso para a realização das eleições presidenciais, internacionalmente reconhecidas, desestablizaria ainda mais o país", advertiu a chanceler alemã Angela Merkel que recebeu o presidente François Hollande em seu reduto eleitoral, à beira do Mar Báltico.

Pela primeira vez, desde o início da crise ucraniana, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que representa os 28 países do bloco, fará uma visita a Kiev nesta segunda-feira.

Críticas à União Europeia

O ex-chanceler alemão Gerhard Schröder estimou que a União Europeia é a principal responsável pela crise ucraniana por ter obrigado Kiev a escolher seu futuro entre a Rússia ou o bloco europeu. As declarações foram publicads pelo diário Welt am Sontag neste domingo. "O erro crucial vem da política da União Europeia a favor de um tratado de associação", que Bruxelas queria firmar com a Ucrânia, declarou Schröder que é amigo de Putin há muitos anos.

"A União Europeia ignorou o fato de que a Ucrânia é um país profundamente dividido culturalmente. Historicamente, a população do sul e do leste está mais orientada para a Rússia, e a do oeste mais para o bloco europeu", afirmou. No entanto, o ex-chanceler considera que "todas as partes cometeram erros" e condenou a anexação da Crimeia pela Rússia.

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