Regime sírio não cumprirá prazo para destruição de armas químicas
A Síria não deverá respeitar o prazo fixado em 15 de março para a destruição do conjunto de seus locais de produção de armas químicas. A informação, revelada nesta quinta-feira (6), é de uma fonte interna da Organização para Proibição de Armas Químicas (OPAQ).
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O governo sírio declarou a existência de 12 locais de produção de armas químicas à OPAQ e deveria desmantelar essas unidades até o dia 15 de março, como previsto em um acordo negociado pela ONU sob o comando da Rússia e dos Estados Unidos. Outros prazos fixados sobre o arsenal do regime também já foram adiados. Depois de ter informado que concluiria a retirada da totalidade de suas armas químicas em maio, o regime adiou os planos para abril.
Na terça-feira, a coordenadora da missão encarregada de supervisionar o processo, Sigrid Kaag, declarou que a Síria já destruiu ou retirou de seu território um terço de seu arsenal químico. No início de fevereiro, o Conselho de Segurança da ONU alertou o presidente Bashar al-Assad para que o regime respeite suas obrigações e acelere a retirada das armas químicas do território sírio.
Combates continuam
As tropas do regime multiplicaram os ataques aéreos contra o reduto rebelde de Yabroud, ao norte de Damasco, e combates violentos também foram registrados nos últimos dias em Idleb e Homs, na região central do país.
Em Homs, um atentado com carro bomba deixou ao menos 15 mortos no bairro onde convivem cristãos e alauitas, comunidade religiosa do líder Bashar al-Assad. A agência oficial Sana se referiu a um atentado praticado por “terroristas”, palavra usada pelo regime para se referir aos seus opositores.
Mais 10 anos de guerra
O conflito sírio, que no próximo dia 15 de março completará 3 anos, já deixou mais de 140 mil mortos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos. De acordo com especialistas, a guerra na Síria poderá durar ainda 10 anos.
Diante da comissão das Relações Exteriores do Senado americano, o analista Daveed Gartenstein-Ross explicou que Bashar Al-Assad adotou uma estratégia “maquiavélica” ao decidir não combater os grupos extremistas que deixaram a chamada oposição moderada ao regime. Entre esses grupos estão a Frente al-Nusra e o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que travam uma guerra dupla contra o governo de Assad e contra a coalizão de oposição ao regime.
O "racha", segundo especialistas, favoreceu o presidente sírio que conta ainda com fortes aliados, a Rússia e o Irã, que fornecem armas e dinheiro ao regime de Damasco. Neste contexto, o conflito pode durar mais 10 anos, preveem os especialistas.
Apelo aos refugiados
Nesta quinta-feira, centenas de associações pediram que os europeus coordenem suas ações em relação aos refugiados sírios. A iniciativa, apoiada por Ongs como Anistia Internacional e Médicos do Mundo, pede que líderes adotem medidas para proteger os quase 2 milhões e meio de pessoas obrigadas a fugir da guerra. O apelo também é para que a Europa reduza suas barreiras burocráticas para facilitar a entrada dos refugiados.
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