Importante grupo rebelde sírio não vai à Conferência de Paz para a Síria
No dia seguinte da decisão da coalizão da oposição síria de participar da Conferência de Paz para a Síria, que acontece na próxima quarta-feira em Montreux, na Suíça, um importante grupo rebelde anunciou hoje (19) que vai boicotar o encontro. A decisão da Frente Islâmica, uma poderosa aliança de rebeldes islâmicos sírios, diminui as chances de avanço nas negociações visando o fim do conflito no país.
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A principal instância política da oposição síria anunciou a decisão de participar na Conferência de Paz no sábado, após uma reunião em Istambul. Para que as negociações avancem, ela deve apresentar uma visão comum, mas a três dias do encontro a oposição ainda não conseguiu superar suas divisões.
O Conselho Nacional Sírio, o grupo mais importante da coalizão, apoiado pelo Catar, avalia que é no campo de batalha que a oposição pode forçar Bashar al-Assad a deixar o poder. Essa posição também é defendida pela Frente Islâmica que publicou hoje um comunicado anunciando que não irá a Conferência de Paz Genebra 2. Portanto, os combates continuam e fizeram neste domingo 30 mortos.
Mas a maioria da oposição acha útil negociar para preparar a transição política no país, fato que implicaria na saída do presidente do cargo. O chefe da coalizão, Ahmad Jarba, diz que a oposição irá a Genebra para se livrar o atual chefe de Estado. Mas o regime já repetiu várias vezes que não vai a Montreux “para entregar o poder.”
Decisão aplaudida
A comunidade internacional saudou a decisão corajosa da oposição síria de participar das negociações com o regime na Suíça. A Rússia, aliada de Damasco, foi a primeira a elogiar essa participação. O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, disse “a opção pela paz é a melhor escolha, apesar das provocações e violência do regime”.
O secretário de Estado americano John Kerry advertiu “que o processo será difícil, mas garantiu que a comunidade internacional está do lado do povo sírio.” Berlim acredita que mesmo um pequeno progresso garantindo a passagem de um caminhão com ajuda humanitária ou um cessar-fogo local já será um sucesso.
Grã-Bretanha, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos reiteraram que a saída de Bashar al-Assad do poder é necessária para qualquer acordo.
Bashar al-Assad
A televisão estatal siria desmentiu hoje que o presidente Bashar al-Assad tivesse declarado "não ter a intenção de deixar o poder." Essa informação foi noticiada neste domingo por uma agência de notícias russa.
A Interfax informou que o presidente sírio advertiu parlamentares russos em Damasco de que não tem a intenção de deixar o poder, como desejam os opositores. Mais uma polêmica que pode complicar as negociações na Conferência Internacional de Paz sobre a Síria, organizada pelos Estados Unidos e Rússia com o objetivo de acabar com os três anos de conflito no país.
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