Acesso ao principal conteúdo
Genebra 2/Preparativos

EUA e Rússia defendem cessar-fogo na Síria antes de conferência de paz

Os Estados Unidos e a Rússia defenderam hoje "um cessar-fogo limitado" na Síria, para facilitar a realização da conferência de paz marcada para 22 de janeiro, na Suíça. O cessar-fogo é uma condição exigida pelos opositores sírios para ir à conferência convocada pela ONU, com o objetivo de encontrar uma solução política à guerra síria. A participação do Irã, aliado do regime de Damasco, continua incerta e gerando controvérsia entre russos e americanos.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry (centro), o chanceler russo, Serguei Lavrov (à direita), e o representante da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi, se encontraram hoje na embaixada americana em Paris.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry (centro), o chanceler russo, Serguei Lavrov (à direita), e o representante da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi, se encontraram hoje na embaixada americana em Paris. REUTERS/Pablo Martinez Monsivais/Pool
Publicidade

Após uma reunião preparatória ocorrida hoje em Paris, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e o representante da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, defenderam a participação do Irã na conferência.

Porém, o chefe da diplomacia americana, John Kerry, disse que para o Irã ser bem-vindo em Genebra 2, como a conferência é chamada no jargão diplomático, Teerã deve primeiro aceitar os princípios definidos na conferência anterior, de junho de 2012, que previu um governo de transição formado por opositores e membros do regime, dotado de plenos poderes.

Lavrov comentou que para a Rússia era muito claro que "tanto o Irã quanto a Arábia Saudita", que apoia a rebelião e foi oficialmente convidada, devem estar na mesa de negociações. A conferência de paz vai acontecer em dois momentos, inicialmente em Montreux e depois em Genebra.

Em entrevista coletiva, Kerry, Lavrov e Brahimi defenderam uma troca de prisioneiros entre a rebelião e o regime de Bashar al-Assad, assim como a criação de corredores humanitários na Síria. O secretário de Estado americano declarou que o cessar-fogo limitado poderia começar em Aleppo (norte).

Oposição

A Coalizão nacional de Oposição síria, principal organismo de oposição ao regime ainda não deu sinal verde para participar da conferência. Em uma reunião realizada ontem em Paris com representantes do grupo de 11 países "Amigos da Síria", o presidente da coalizão, Ahmad Jarba, afirmou que não existe futuro para o presidente Bashar al-Assad e sua família na Síria e "sua saída é inevitável". 

Diplomatas sírios declararam hoje que impondo condições, a oposição está tentando sabotar a conferência de paz. O regime afirma que o exército sírio avança na retomada de controle do país, enquanto os rebeldes e extremistas islâmicos ligados à Al Qaeda se matam entre eles. 

"A Síria não dá a menor atenção a todos aqueles que, do exterior, falam em nome do povo sírio, sejam árabes ou ocidentais. Somente o povo sírio pode escolher seus dirigentes e a forma de seu Estado", declarou uma fonte do Ministério das Relações Exteriores sírio à agência oficial Sana.

Mensagem do Papa Francisco

"Espero que a conferência Genebra 2 marque o início do esperado caminho da pacificação", disse o Sumo Pontífice nesta segunda-feira (13), pedindo "o respeito total ao direito humanitário".

Francisco reiterou que "não se deve aceitar que a população civil inocente seja atingida, principalmente as crianças, e deve-se garantir, de todas as maneiras possíveis, a assistência humanitária".

Por iniciativa de Francisco, o Vaticano organizou hoje uma conferência de especialistas para analisar os fatores que podem contribuir para uma solução para a paz voltar à Síria.

As declarações foram feitas no Vaticano, durante os votos aos membros do corpo diplomático, realizados pela primeira vez pelo papa argentino.

Conferência de doadores

Cerca de 60 países devem se reunir nesta quarta-feira no Kuwait por iniciativa da ONU que tenta arrecadar um montante de 6,5 bilhões de dólares para ajudar os milhões de sírios, vítimas do conflito que atinge o país desde março de 2011.

Esta deve ser a maior arrecadação de recursos da história da ONU para uma situação de emergência humanitária. O objetivo é ajudar cerca de 13,4 milhões de sírios que serão afetados pelas violências até o final de 2014, segundo estimativas da ONU.

A situação atingiu um nível “crítico”, declarou à agência oficial do Kuwait o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que presidirá esta segunda conferência de doadores para a Síria. Esta reunião está agendada para acontecer uma semana antes da Conferência de Genebra 2 - que deverá discutir uma solução política para o conflito. 

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.