Jihadistas islâmicos declaram guerra total contra inimigos na Síria e Iraque
Os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante declaram nesta quarta-feira (08/01) uma guerra total contra seus ex-aliados islâmicos na Síria e também contra o governo controlado pelos xiitas no Iraque. Confrontos do grupo têm provocado uma fuga em massa da população de duas cidades da província iraquiana de Al-Anbar.
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No Iraque, onde as autoridades anunciaram que uma ofensiva está sendo preparada contra Falluja, cidade sunita conquistada pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, um porta-voz deste grupo pediu que os sunitas prossigam sua luta. “Não deponham suas armas, porque se vocês as depuserem agora, os xiitas vão torná-los escravos”, lançou Abou Mohammed al-Adnani. As tensões aumentaram entre essas duas facções do Islã.
O porta-voz também ameaçou os rebeldes sírios de “destruí-los”. O grupo surgiu no Iraque mas se estendeu à vizinha Síria, onde vem perdendo terreno, principalmente em Alepo, ex-capital econômica síria e antingo quartel-general do grupo.
Em mensagem dirigida aos rebeldes, ex-aliados na luta contra o regime de Bashar al-Assad, Mohammed al-Adnani afirmou: “nenhum de vocês vai sobreviver e faremos de vocês um exemplo para todos aqueles que quiserem seguir seu caminho”.
Desde a última sexta-feira, os rebeldes islâmicos se lançaram em confrontos violentos contra os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Segundo o Observatório sírio dos Direitos Humanos, os combates deixaram pelo menos 385 mortos, sendo 198 rebeldes, 131 membros do Estado Islâmico do Iraque e do Levante e 56 civis.
Outros alvos do Estado Islâmico são a Coalizão de oposição assim como os dirigentes do Exército Livre da Síria. “Os integrantes desses grupos são um alvo legítimo para nós”, disse o porta-voz.
Mohammed al-Adnani foi menos agressivo em relação à Frente al-Nosra, braço oficial da Al-Qaeda na Síria, pedindo que os militantes agitem a mesma bandeira islâmica. “O que os levou a lutar contra a gente?”, questionou.
A Frente al-Nosra adotou uma postura neutra em relação aos confrontos e na terça-feira, chegou a pedir um cessar-fogo para que os adversários de Al-Assad se concentrem na luta contra o atual regime sírio.
Fuga
A província de Karbala, no noroeste do Iraque, é o destino de um fluxo cada dia maior de famílias que deixam a província vizinha de Al-Anbar para fugir dos combates violentos entre grupos armados e forças governamentais nas cidades de Faluja e Ramadi
Mais de 13 mil famílias deixaram nos últimos dias a cidade de Faluja, de acordo com a Cruz Vermelha iraquiana. Na semana passada, combatentes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, grupo ligado à rede terrorista Al-Qaeda, e grupos hostil ao governo tomaram o controle da cidade que fica a 60 km à oeste de Bagdá. Vários bairros de Ramadi também caíram nas mãos dos rebeldes.
Dezenas de famílias chegaram a Ain-Tamr vindos de Faluja, uma cidade de maioria sunita como Ramadi. Em Ain-Tamr, distante 40 km ao sul de Faluja, autoridades investiram na segurança para evitar a entrada de eventuais insurgentes sunitas em Karbala, que tem maioria xiita. Na cidade, a comunidade sunita é alvo constante de ataques. A proteção instalada em Karbala lembra um posto de fronteira diante da presença ostensiva de policiais, soldados e veículos blindados.
Um morador de Ramadi, que fugiu com sua mulher e filhos, disse não ter tido outra opção. “A cidade sofre com a falta de segurança, combustível, eletricidade e a maior parte do comércio está fechada”, explicou Hussein Aleiwi, de 38 anos.
É a primeira vez, desde a insurreição seguida de uma invasão americana em 2003, que os militantes da Al-Qaeda tomaram o controle de zonas urbanas no Iraque. Eles também se transformaram em uma força importante na vizinha Síria.
O prefeito de Ain-Tamr disse que as autoridades locais trabalham com a Cruz Vermelha local e a Organização Mundial para as Migrações para fornecer ajuda às famílias, como a distribuição de combustível e alimentos.
As forças americanas e iraquianas haviam retomado o controle de Al-Anbar, especialmente por ter obtido o apoio de tribos sunitas a partir do final de 2006.
Mas os simpatizantes da Al-Qaeda voltaram com força, diante de sua presença na Síria e com o descontentamento crescente da minoria sunita que acusa o primeiro-ministro Nouri Al-Maliki, que é xiita, de monopolizar o poder e estigmatizar os sunitas.
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