Visita de Cameron é marcada por críticas do governo chinês

No último dia de sua visita oficial à China, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, anunciou a assinatura de diversos acordos comerciais, mas o governo chinês não deixou de expressar seu descontentamento em relação ao encontro com Dalai Lama e a questão de Hong Kong. 

O premiê britânico David Cameron e o chefe de governo chinês, Li Kegiang EUTERS/Ed Jones/Pool

Diogo Ferreira Gomes, correspondente da RFI na China

O O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, encerrou hoje a visita oficial de três dias à China e voltará para casa com muitos acordos comerciais, mas a despedida poderia ter acontecido em um clima melhor, se não fosse o editorial do "Global Times", nacionalista jornal ligado ao Partido Comunista.

O clima azedou ontem, quando o jornal estatal fez críticas bem pesadas ao Reino Unido. Até hoje a China não perdoa o encontro que Cameron teve com Dalai Lama no ano passado. E também nunca digeriu os anos que Hong Kong passou como colônia britânica até voltar ao domínio chinês, em 1997.

O jornal disse que o Reino Unido não é nenhuma grande potência mundial, mas um país "europeu velho bom só para viajar e estudar." O porta-voz de David Cameron saiu pela tangente quando repórteres perguntaram o que o premiê tinha achado dessas declarações tão polêmicas do governo chinês.

O representante preferiu exaltar as reuniões que Cameron teve com o presidente e com o premiê da China. De fato, na segunda-feira, o premiê Li Keqiang disse que China e Reino Unido fizeram um acordo sem precedentes sobre trem de alta velocidade e energia nuclear. Só não entrou em detalhes sobre eles.

Apesar de ter acabado em saia justa, essa visita trouxe a maior comitiva que o Reino Unido já teve na China. Só de empresários eram mais de cem pessoas, inclusive presidentes de grandes companhias, com a Shell. A visita começou segunda-feira em Pequim e terminou nesta quarta-feira Chengdu, após passar por duas outras cidades.