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Síria/Eleições

Eleições na Síria: oposição denuncia "farsa" para legitimar regime

O regime sírio manteve nesta segunda-feira a realização de eleições legislativas, apesar do clima de violência no país e do boicote anunciado pelos opositores. Com a votação, o presidente Bashar al-Assad procura dar uma legitimidade ao seu governo, muito criticado pelos países ocidentais pela repressão violenta aos militantes de oposição.

Eleitor sírio vota em Damasco nesta segunda-feira.
Eleitor sírio vota em Damasco nesta segunda-feira. REUTERS/Khaled al- Hariri
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Enquanto a televisão estatal mostrava eleitores depositando votos nas urnas de várias regiões do país, os militantes confirmavam um boicote da votação em várias cidades rebeldes.

"A votação acontece normalmente, os eleitores comparecem às urnas", afirmou o ministro do Interior, Mohammad al-Chaar, diante do fluxo em massa de eleitores em alguns bairros de Damasco.

Em diversos bairros da capital e de cidades rebeldes uma greve está sendo observada a pedido da oposição, afirmou o Observatório Sírio de defesa dos Direitos Humanos.

Jovens entrevistados pela televisão estatal expressavam a esperança de que as eleições possam “dar uma resposta definitiva à crise no país”. Outros moradores ouvidos pela agência de notícias AFP explicaram que não vão comparecer às urnas por não concordarem com a situação atual do país.

Um militante da cidade de Hama disse que a greve na cidade é um protesto contra a eleição de um “parlamento que será uma marionete de Al-Assad.”

A eleição não impediu novos episódios de violência no país. Na região de Deir Ezzor, no leste do país, três homens morreram em uma emboscada atribuída às forças de segurança.

As eleições desta segunda-feira são as primeiras multipartidárias em mais de meio século na Síria, onde o regime de Bashar al-Assad enfrenta desde março do ano passado um movimento de contestação reprimido com sangue.

Em todo o país, 7.195 candidatos disputam 250 vagas de deputados em um parlamento suspenso há mais de um ano devido a revolta popular.

Sete dos nove partidos criados recentemente apresentaram candidatos graças à nova Constituição do país adotada em fevereiro através de um referendo. A Carta Magna suprimiu um artigo que garantiu ao partido Baas, no poder desde 1963, o comando da sociedade.

Diante da repressão do regime, a França avalia que a realização das eleições é uma farsa. “É pelo processo de transição política exigido pelo Plano Annan e da Liga Árabe que o povo sírio poderá reencontrar a capacidade de se expressar livremente sobre seu destino”, declarou o governo francês, em referência ao plano do enviado especial da ONU, Kofi Annan, para por fim à crise.

A oposição reclama a saída do presidente sírio Bashar al-Assad e considerou "absurda" a tentativa do regime de buscar legitimidade através dessa eleição.

Crise humanitária

O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan disse nesta segunda-feira que o regime sírio não tem mais condições de governar e apelou para a comunidade internacional colocar um fim na crise humanitária. “Eu não acredito que um regime possa manter-se por muito tempo com tais princípios”, disse Erdogan em uma entrevista coletiva na Eslovênia, onde se encontra em uma viagem oficial.

Erdogan, que visitou neste domingo um campo de refugiados no sul do país, na fronteira com a Síria, alertou a comunidade internacional de que o drama causado pelas forças sírias devem acabar o mais rapidamente possível.
A Turquia, que tem mais de 900 quiômetros de fronteiras com a Síria, acolhe cerca de 23 mil refugiados que fugiram da repressão do governo de Damasco.

 

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