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Japão/Nuclear

Desmantelamento de Fukushima proposto pelo governo é incerto, afirma especialista

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, afirmou nesta quinta-feira que a central nuclear de Fukushima deverá ser desmantelada após a conclusão do trabalho de resfriamento dos reatores. Mas para o ex-presidente da Agência francesa do Meio Ambiente e da Gestão de Energia, Pierre Radane, a interrupção das atividades da usina não significa que os reatores poderão ser demolidos. 

A central nuclear de Fukushima, no Japão.
A central nuclear de Fukushima, no Japão.
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A intenção do governo japonês de desmantelar a central nuclear de Fukushima Daiichi, fortemente atingida pelo terremoto seguido de tsunami no dia 11 de março, foi evocada durante encontro do primeiro-ministro Naoto Kan com o chefe do Partido Comunista japonês, Kazuo Shii, de acordo com informações da agência Kyodo.

A empresa Tepco, administradora e operadora da central nuclear de Fukushima, estimou ser inevitável desmantelar os quatro primeiros reatores após o término do trabalho de resfriamento que está sendo realizado e que segundo a operadora poderá demorar vários meses.

Na quarta-feira, o presidente de honra do grupo Tepco, Tsunehisa Katsumata, deixou a entender que os reatores 5 e 6, poupados pelas catástrofes naturais, poderiam ser conservados.

As primeiras instalações da central de Fukushima, localizada na região nordeste do Japão, tiveram início há mais de 40 anos na costa do Oceano Pacífico, a 250 quilômetros ao norte de Tóquio.

Décadas

Na opinião de especialistas, a interrupção da central é inevitável porque todas as peças no interior dos reatores devem estar deformadas devido a alta temperatura e a fusão parcial dos combustíveis.

No entanto, isso não significa que os reatores poderão ser demolidos. Segundo Pierre Radanne, especialista em políticas energética e climáticas e ex-presidente da Agência francesa do Meio-ambiente e da Gestão de Energia, até o momento não há condições de avaliar a possibilidade de executar essa tarefa.

“Estamos vivendo uma situação em que a radioatividade no interior dos prédios da central e do reator chegaram a um nível que ninguém, mesmo com proteção adequada, pode se aproximar ou trabalhar em um local assim”, diz ele. “A destruição de um reator acontece, geralmente, depois da retirada de todo o combustível. Aliás, é preciso esperar décadas até que a radiação diminua, antes de expor os trabalhadores", explica Radanne.

O especialista sugere que Fukushima tenha o mesmo destino da central de Chernobyl, na Ucrânia, responsável pelo maior acidente nuclear da história que deixou mais de 25 mil mortos.

"O que foi previsto para Fukushima é uma paralisação dos reatores para, em seguida, fazer uma espécie de mausoléu, como em Chernobyl. Quer dizer, jogar areia em tudo, e depois, cobrir com uma tampa de cimento para impedir o vazamento de radioatividade. Mas, as obras para construir esse sarcófago de cimento em cada um dos reatores só é possível depois de uma diminuição considerável da radioatividade”, explica.

"Estamos vivendo uma situação extremamente perigosa. No momento, o mais importante é resfriar o máximo possível (o complexo nuclear), fazer com que a radioatividade diminua pouco a pouco, e, apenas quando a radiação estiver totalmente controlada, poderemos avaliar uma ação a longo prazo”, diz o especialista.

 

 

 

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