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Japão/Acidente Nuclear

Radiação aumenta subitamente na usina nuclear de Fukushima

Os técnicos que trabalham dia e noite para restabelecer o resfriamento dos reatores na usina nuclear de Fukushima tiveram de deixar o local às pressas neste domingo, após detectarem um nível de radioatividade extremamente elevado (1.000 milisieverts por hora) na água acumulada na sala das turbinas do reator número 2. Protestos realizados hoje em Tóquio e Nagoya, no centro do país, pediram o fechamento das usinas nucleares japonesas.

Os japoneses saíram às ruas neste domingo para pedir o fechamento das usinas nucleares do país.
Os japoneses saíram às ruas neste domingo para pedir o fechamento das usinas nucleares do país. Reuters
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Os níveis de radiação extremamente elevados levaram à retirada imediata dos técnicos que trabalham na usina de Fukushima e a suspensão do bombeamento da água contaminada. A radiação medida em amostras da água, depositada no subsolo da sala da turbina situada atrás do reator 2, foi de 1.000 milisieverts por hora, segundo a operadora Tokyo Electric Power (Tepco). A empresa se desculpou por ter divulgado, horas mais cedo, que o nível de radiação na usina estava "10 milhões de vezes" acima do normal.

O vice-presidente da Tepco, Sakae Muto, explicou que houve uma confusão em relação aos níveis de iodo 134 e cobalto 56 analisados em amostras colhidas pela companhia. Novos testes estão sendo realizados a pedido da Agência de Segurança Nuclear japonesa.

O porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, admitiu que os trabalhos de resfriamento em Fukushima vão sofrer um novo atraso, uma vez que a retirada da água altamente radioativa dos reatores 2 e 3 será uma operação complexa e "é preciso garantir a segurança" dos 500 técnicos, bombeiros e militares que trabalham no local desde o terremoto e o tsunami de 11 de março. O governo japonês voltou a repetir que uma catástrofe nuclear no Japão está longe de ser descartada.

Pânico na mídia

A notícia de que a radiação no interior da usina de Fukushima estava 10 milhões de vezes acima do normal criou pânico na mídia japonesa e mundial, dando a impressão de que o grau de contaminação na usina de Fukushima havia sofrido uma explosão.

O especialista Olivier Isnard, do Instituto Francês de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN), considera que esse nível elevadíssimo de radiação é uma prova de que houve fusão nos reatores e será difícil tratar a água contaminada, já que não é possível transportá-la em caminhões. Isnard lembrou que taxas de radiação de centenas de milisieverts por hora já tinham sido detectadas recentemente, obrigando a evacuação dos funcionários da central.

Segundo o especialista francês, nesse patamar de 1.000 milisieverts por hora, um trabalhador que passa uma hora no local expõe sua saúde. As consequências imediatas podem ser a drástica redução dos glóbulos brancos e plaquetas no sangue, náusea e vômito. A 500 milisieverts por hora, a metade dos pacientes irradiados morre nas semanas seguintes à exposição, explicou o especialista. 

Os três técnicos hospitalizados na quinta-feira passada, depois de pisarem numa poça d'água contaminada em uma sala do reator número 3, tiveram alta neste domingo. Os médicos disseram que eles não correm risco imediato e podem voltar para casa. Dois deles sofreram queimaduras nos pés. Os ferimentos foram provocados por uma radiação de 180 milisieverts por hora. O grau de vazamento de partículas radioativas subiu para 750 milisieverts neste domingo.

Protestos antinuclear em Tóquio e Nagoya

Centenas de pessoas participaram hoje de protestos antinuclear em Tóquio e Nagoya, para pedir ao governo o fechamento das usinas nucleares do país. Famílias inteiras, crianças e idosos andaram pelas ruas carregando balões em formato de coração e cartazes com slogans antinuclear. Os manifestantes disseram que não querem deixar produtos perigosos para as próximas gerações e acusaram o governo de mentir sobre a segurança do parque nuclear japonês.

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