Dissidente Aung San Suu Kyi é libertada após sete anos de prisão domiciliar
A Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, líder do movimento pró-democracia em Mianmar, antiga Birmânia, foi libertada neste sábado depois de passar mais de sete anos consecutivos em prisão domiciliar. Suas primeiras palavras aos milhares de manifestantes reunidos em frente à sua casa, em Yangun, foi um convite para que todos trabalhem juntos pelo futuro do país.
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Como havia anunciado, a junta militar que governa Mianmar, antiga Birmânia, uma das nações mais fechadas do mundo, libertou neste sábado a dissidente Aung San Suu Kyi, símbolo da luta pela democracia em seu país. Oficiais birmaneses entraram na casa de Suu Kyi no final da tarde, no horário local em Yangun, e comunicaram a ela que sua última condenação, a 18 meses de prisão domiciliar, tinha sido cumprida. Em seguida, a dissidente foi ao portão se encontrar com a massa de simpatizantes da Liga Nacional pela Democracia (LND) que aguardava para vê-la novamente livre. Um clima de euforia tomou conta dos militantes. Suu Kyi disse "vamos trabalhar juntos para o futuro do país". A Prêmio Nobel da Paz anunciou que fará um discurso neste domingo, 14 de novembro, na sede do LND, seu partido político caçado pela junta militar.
Líderes no mundo todo reagiram à libertação da opositora. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, pediu às autoridades birmanesas que concedam liberdade total de expressão e movimentos a Suu Kyi, estimando que qualquer tipo de controle sobre ela seria uma agressão a seus direitos. Chamando Suu Kyi de "minha heroína", o presidente americano, Barack Obama, que participa da reunião de países da Apec, no Japão, saudou a libertação da dissidente. Obama pediu a libertação de todos os presos políticos de Mianmar. O secretário-geral da Asean, grupo de países do sudeste asiático, o tailandês Surin Pitsuswan, disse estar aliviado com a libertação da birmanesa. O premiê britânico, David Cameron, lembrou que isso já deveria ter acontecido há muito tempo.
Que a popularidade da opositora mais famosa do mundo continua intacta junto ao povo ninguém duvida. A questão é saber como Suu Kyi, totalmente isolada há sete anos, poderá continuar seu combate político contra a junta militar e agir diante dos desafios que a esperam, como por exemplo enfrentar as denúncias de fraudes nas eleições de domingo passado e a reorganização da oposição.
Outra dúvida é se Suu Kyi, que passou 15 dos últimos 21 anos sem liberdade, pretende continuar com os velhos dirigentes da LND ou se vai reforçar sua oposição com políticos mais jovens. A Liga Nacional pela Democracia venceu as eleições em Mianmar em 1990, sem jamais ter subido ao poder. Ao recusar participar das recentes eleições, em protesto à prisão de sua líder, o partido foi dissolvido pela junta militar.
Analistas políticos consideram que a pressão sobre Suu Kyi será enorme. A expectativa geral é que ela assuma novamente a liderança na luta contra a junta militar e continue sendo a porta-voz da democracia. Mas, antes, ela terá que se adaptar às transformações que o tempo trouxe ao país. As lam houses se multiplicaram, os jovens caminham pendurados aos seus celulares e os arranha-céus invadiram a paisagem da capital Yangun.
Uma coisa, porém, é certa: sem telefone nem internet há sete anos, ela pretende mergulhar no mundo das novas tecnologias e já declarou que gostaria de "twittar" com os jovens do mundo inteiro.
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