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Moçambique

Morte do líder da Renamo Afonso Dhlakama

Afonso Dhlakama, líder da Renamo, morreu hoje aos 65 anos de idade. Figura incontornável da vida política moçambicana, ele partiu numa altura em que se estava a ultimar o diálogo para a reconciliação definitiva no país. Figura controversa, era visto por uns como o "Mandela moçambicano" e por outros como um "senhor da guerra".

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama GIANLUIGI GUERCIA / AFP
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Afonso Dhlakama sofria de problemas de saúde, nomeadamente insuficiências renais, que terão sido um das causas principais da sua morte. De acordo com o que a RFI pôde apurar, o líder da Renamo faleceu esta manhã, antes mesmo de ter a possibilidade de ser transportado das matas da Gorongosa, onde vivia há anos, para uma unidade hospitalar. Eis o relato de Orfeu Lisboa.

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Orfeu Lisboa, correspondente da RFI em Maputo

Nascido em 1953 em Sofala, Afonso Dhlakama ingressou na vida política na altura da independência, aderindo à Frelimo antes de se tornar em 1976 num dos fundadores da RNM, Resistência Nacional de Moçambique, formação da qual se tornou presidente depois de falecer o primeiro líder desse movimento de oposição ao regime que passou a chamar-se Renamo.

Durante esse período, rapidamente a situação política moçambicana resvalou para a guerra civil, um conflito que durou 16 anos, até 1992, altura em que Afonso Dhlakama assinou juntamente com o então Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, o Acordo Geral de Paz.

Encaminhou-se então o período de reconstrução do país e também a caminhada para eleições multipartidárias. Afonso Dhlakama concorreu às presidenciais de 1994. Obteve pouco mais de 33% dos votos face a Chissano. Em 1999, repetiu-se esse mesmo cenário, só que desta vez a Renamo não reconheceu a vitória da Frelimo e registaram-se violentas manifestações.

Nos anos seguintes, outras derrotas eleitorais vieram azedar progressivamente o clima político no pais até chegar ao ponto culminante, quando o quartel-geral de Afonso Dhlakama foi atacado em Outubro de 2013, o que o obrigou a refugiar-se em parte incerta, nas matas da Gorongosa.
Saiu de lá muito brevemente em 2015, após a assinatura de entendimento em 2014 com o Presidente da época, Armando Guebuza, antes de lá regressar novamente quando se deu um novo ataque contra a sua residência.

Durante esse período, o país regressou à instabilidade com diversos ataques essencialmente no centro do país. Depois de anos de infrutíferos encontros, o seu movimento e o governo tinham começado novamente a dialogar há alguns meses. Tanto Dhlakama como o Presidente Nyusi davam conta de progressos em prol da paz.

Entre as numerosas reacções que têm estado a afluir depois de morte do chefe do principal partido de oposição de Moçambique, Daviz Simango, presidente do MDM -terceira força política do país- e antigo membro da Renamo, considera que Moçambique perdeu um líder que lutou pela implantação da democracia em Moçambique.

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Daviz Simango, líder do MDM, antigo membro da Renamo

Refira-se que a nível externo, o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa também expressou pesar pelo sucedido, tendo apresentado "as suas condolências à família" bem como ao seu homólogo moçambicano.

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