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Moçambique/ França

Moçambique em busca de investimento

O presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, inicou nesta segunda-feira a visita oficial à capital francesa a convite do homólogo François Hollande. Os dois estadistas reuniram-se ao final da manhã no Eliseu num encontro que durou cerca de uma hora, mas que terminou sem quaisquer declarações à imprensa. 

Encontro de François Hollande, presidente de França, com Filipe Nyusi, presidente de Moçambique. 20/07/15
Encontro de François Hollande, presidente de França, com Filipe Nyusi, presidente de Moçambique. 20/07/15 www.facebook.com/elysee.fr
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Tem sido escassa a informação divulgada sobre a primeira visita a França do chefe de estado moçambicano, mas ao que a RFI conseguiu apurar, Filipe Nyusi ter-se-á encontrado esta manhã com o patronato francês MEDEF. A Rádio de Moçambique, que tem um jornalista a acompanhar a visita, avança que o presidente moçambicano terá convidado os empresários franceses a direccionarem o "investimento e a tecnologia" para o país.

A meio da manhã Filipe Nyusi foi recebido no Eliseu pelo homólogo francês, François Hollande, um encontro que durou quase uma hora e onde participaram vários membros da delegação moçambicana, entre eles o ministro dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Balói.

No final os dois estadistas não prestaram qualquer declaração à imprensa, mas segundo a imprensa moçambicana ,  os dois presidentes abordaram o reforço da cooperação bilateral, bem como a identificação de novas oportunidades de negócio. Outra questão que terá sido analisada foi o perdão da dívida de Moçambique avaliada em 17 milhões de euros, sendo este o ultimo acordo de redução que se insere no âmbito do Clube de Paris, e que ficará reduzida em 2019.

Almoço em Bercy

A hora de almoço foi passada no ministério da Economia, da Industria e das Novas Tecnologias, o chefe de Estado aceitou o convite do ministro Emmanuel Macron para um almoço de negócios e , que decorreu à porta fechada, que juntou à mesma mesa várias empresas francesas. O presidente da Alstom Internacional, Philippe Delleur, foi um dos presentes e falou à RFI da importância deste encontro. "O encontro de hoje com o Presidente da República foi um momento interessante para falar das novas oportunidades, principalmente na área da hidroelectricidade... o desenvolvimento de Cahora Bassa a norte, a usina eléctrica e no futuro a central a gás... O outro lado é tudo o que tem a ver com o desenvolvimento da rede eléctrica."

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Philippe Delleur, presidente da Alstom Internacional

A França tem ainda uma presença que é considerada modesta em Moçambique. Em 2014 foi o décimo investidor externo  com cinco projectos aprovados no valor total de 12,5 milhões de euros. Roger Carvalho, director da empresa SPTEC Advisory, conhecedora do mercado moçambicano, reconhece a fraca presença francesa, mas sublinha  o interesse das empresas gaulesas nos próximos anos. "O mercado moçambicano tem um posicionamento interessante porque é o país que dá acesso aos países do interior africano como o Zimbábue e o Malawi... Então será um país de trânsito".
 

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Roger Carvalho, director da empresa SPTEC Advisory

Ao início da tarde Filipe Nyusi deslocou-se ao Instituto de Petróleo e Energias Renováveis para falar sobre os recursos naturais existentes essencialmente no norte e centro do país, carvão e gás natural, e que estão a atrair a atenção dos vários investidores internacionais. Um dia essencialmente dedicado às questões económinas, uma vez que o presidente terminou o dia com várias audiências privadas às empreasas francesas Airbus, Sociéte General e Total.

Escândalo EMATUM e Cistac ensombram deslocação

A deslocação do presidente moçambicano acontece em pleno escândalo provocado pela empresa de atum, EMATUM. Em causa está o empréstimo de 850 milhões de dólares contraído em 2013 no mercado obrigacionista europeu e em que o Estado serviu como avalista na operação. No dia 10 de Julho, a Standard & Poor's desceu o rating de Moçambique para B- por considerar que a reestruturação do empréstimo configura uma dívida que indicia a falência iminente da empresa, dias depois o primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, reconheceu o impacto negativo da queda do rating de Moçambique apontado pela agência de notação financeira Standard & Poor's. No entanto, o chefe de Governo declarou que a prioridade é reavaliar a dívida de 850 milhões de dólares (cerca de 770 milhões de euros) contraída pela Empresa Moçambicana de Atum (Ematum) ao Estado.

A visita é igualmente ensombrada pelo assassínio do constitucionalista franco-moçambicano Gilles Cistac, abatido a tiro por desconhecidos em Março, no centro de Maputo, num crime com contornos políticos e as causas continuam por esclarecer.

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