Na ONU Filipe Nyusi pede mais financiamento para combater o terrorismo
Moçambique foi o terceiro Estado lusófono a ter a palavra na Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira, e o primeiro africano de língua oficial portuguesa. Filipe Nyusi fez referência às forças do Ruanda e da SADC que apoiam o exército nacional na luta contra os extremistas islâmicos na província de Cabo Delgado. Diz o Presidente moçambicano que este é um exemplo de como África pode resolver os seus “próprios problemas”.
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Moçambique foi o terceiro Estado lusófono a ter a palavra na Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira, e o primeiro africano de língua oficial portuguesa.
Na sua intervenção, o chefe de Estado, Filipe Nyusi, começou por falar dos desafios com que o seu país se debate actualmente, entre terrorismo, luta contra a pobreza ou efeitos da pandemia de Covid-19.
De facto, a crise pandémica da Covid-19, os desastres naturais decorrentes das mudanças climáticas e os conflitos armados, incluindo o terrorismo e extremismo violento, fazem com que milhões de pessoas continuem a viver na pobreza, sem alimentação adequada e sem acesso aos serviços de saúde e educação.
Filipe Nyusi, na 78.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, sobre os desafios do país
O presidente moçambicano fez referência às forças do Ruanda e da SADC, comunidade regional, que apoiam o exército nacional na luta contra os extremistas islâmicos, activos desde 2017 na província nortenha de Cabo Delgado. Diz Nyusi que este é um exemplo de como África pode resolver os seus “próprios problemas”.
Esta experiência pioneira de combinação de intervenção bilateral e multilateral é, também, exemplo de resolução de problemas africanos, pelos próprios africanos.
Contudo, a questão que se coloca é a necessidade de apoio substancial a estes países que, de forma directa e interventiva, combatem connosco o terrorismo em Moçambique, de modo a tornar sustentáveis as operações ainda em curso.”
Filipe Nyusi, na 78.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, sobre o terrorismo
Na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde Julho de 2021, combatem o terrorismo (cujo primeiro ataque remonta a 5 de Outubro de 2017) com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, e cerca de 4.000 mortes.
Marcelo Rebelo de Sousa apela ao respeito do direito internacional e da Carta das Nações Unidas
O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, discursou também nesta terça-feira em Nova Iorque, apelando ao respeito urgente do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, nomeadamente no caso da invasão russa da Ucrânia.
É urgente respeitar a carta das Nações Unidas para garantir a paz no mundo. É urgente acelerar a luta contra as alterações climáticas, a realização dos objectivos da agenda 2030, a protecção dos oceanos e da biodiversidade para garantir a paz e a reforma das instituições.
É urgente reformar as instituições concebidas no século passado que estão totalmente afastadas da realidade do mundo actual.
É urgente o respeito da carta das Nações Unidas. É urgente porque sem o respeito da integridade territorial, da soberania dos Estados, direitos humanos não é possível haver paz.
Na Ucrânia é essa a luta do povo ucraniano, como por todo o mundo. Noutras regiões, no Sahel, em tantos pontos de África, no próximo e médio oriente, na Ásia… o problema é o mesmo: respeito dos princípios do direito internacional e da carta das Nações Unidas.
Marcelo Rebelo de Sousa na 78.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas
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