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#Moçambique/ataques

Novos ataques no centro de Moçambique

Dois mortos e oito feridos é o balanço ainda preliminar de ataques ocorridos na manhã deste domingo contra quatro autocarros de transportes de passageiros, entre as províncias de Sofala e Manica.  Os ataques foram atribudos pela polícia à autoproclamada junta militar da Renamo. 

Novo ataque no centro de Moçambique
Novo ataque no centro de Moçambique © Google Maps
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Os ataques armados contra quatro autocarros de transportes de passageiros escoltados pela polícia tiveram lugar entre a vila de Inchope, no distrito de Gondola, na província de Manica, e a vila de Gorongosa, na província de Sofala, no centro de Mocambique.

Dados ainda preliminares apontam para dois óbitos e oito feridos, entre graves e ligeiros. à televisão privada STV, Amorim Tahad, um dos sobreviventes, descreve os momentos de pânico : "Ouvimos tiros do nosso lado direito, rajadas. Mesmo muito, muito, muito tiroteio."

01:05

Reportagem de Orfeu Lisboa

Entretanto, da província nortenha de Cabo Delgado, rica em recursos naturais e alvo de ataques terroristas há cerca de três anos, chegam relatos de que a população do distrito de Palma sepultou na quarta-feira, 24 corpos, uma semana depois  de um ataque, contra dois transportes, um dos quais colectivo de passageiros. 

De acordo com a agência Lusa que ouviu fontes locais sob anonimato, os corpos de adultos e crianças, abatidos a tiro e já em decomposição, foram enterrados junto ao local do ataque, a 12 de Setembro, numa estrada de terra batida, perto de Pundanhar, a cerca de 40 quilómetros de Palma. De acordo com os relatos, entre as vítimas estavam o chefe de zona de Boa Viagem, no Bairro Incularino, em Palma, e a esposa que viajavam com vários bens para mudar de residência para Nampula, província mais a sul. 

Foi a família deste dirigente que na terça-feira, apesar da insegurança, visitou o sítio do ataque e regressou a Palma, alertando para várias vítimas que se encontravam na área em redor das viaturas e com marcas de terem sido abatidas a tiro. Entre elas, havia pelo menos um cidadão estrangeiro, paquistanês, comerciante estabelecido e conhecido em Palma.

Na quarta-feira um grupo maior viajou da vila até àquele ponto da estrada para enterrar familiares e amigos de forma expedita: "Onde havia dois corpos juntos abriam uma sepultura ao lado e colocavam-nos. Quando eram mais, abriam uma sepultura maior", mantendo-os juntos, descreveram as fontes à Lusa.

Segundo relatos de sobreviventes, o grupo armado que os atacou mandou parar as viaturas: a primeira não parou, mas as duas que seguiam logo atrás foram alvo das armas de fogo e uma foi incendiada.

Fontes militares na região confirmaram o ataque, relatado também pelo projeto ACLED (Armed Conflict Location & Event Data Project), sem fins lucrativos, sedeado nos Estados Unidos, que acompanha o conflito armado em Cabo Delgado e indica que o incidente aconteceu a par de outras incursões junto a Pundanhar nos dias 11 e 12 de Setembro.

Palma é a sede de distrito que acolhe o maior investimento privado em África: o megaprojeto de extração de gás natural liderado pela Total, em construcção e com início de produção previsto para 2024.

A via onde aconteceu o ataque, que segue junto à fronteira com a Tanzânia, tem sido a única ligação por terra ainda usada com relativa segurança para servir Palma, dado que grupos insurgentes tornaram arriscado transitar para sul, em direcção a Mocímboa da Praia, através da única via asfaltada de Cabo Delgado.

A província costeira mais a norte de Moçambique, que faz fronteira com a Tanzânia, enfrenta uma crise humanitária com mais de mil mortos e 250.000 deslocados internos após três anos de conflito armado entre as forças moçambicanas e rebeldes, cujos ataques já foram reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico.

 

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