Renamo pede demissão do Presidente de Moçambique
Depois do MDM, agora é a Renamo que pede a demissão do Presidente de Moçambique na sequência das revelações que implicam Filipe Nyusi e a Frelimo no caso das dívidas ocultas. A Frelimo diz que o chefe de Estado “não tem nada a ver” com o processo.
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Esta sexta-feira, a Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, pediu que o Presidente Filipe Nyusi coloque o seu lugar à disposição, depois das revelações feitas quarta-feira, em tribunal, em Nova Iorque.
Ontem, o MDM, terceiro partido parlamentar, também pediu que Filipe Nyusi coloque o lugar à disposição no prazo de 72 horas e que a Frelimo, partido no poder, explique o seu papel no caso das dívidas ocultas.
Em conferência de imprensa, na sede nacional do partido, em Maputo, José Manteigas, porta-voz da Renamo, disse que a formação pede a demissão “imediatamente” de Filipe Nyusi porque o seu envolvimento no processo "põe em causa a reputação, idoneidade, confiança e legitimidade para continuar a conduzir os destinos do país" e ele não tem "condições morais para propalar discursos de combate à corrupção" ou de respeito pela legalidade.
José Manteigas, Porta-voz da Renamo
A Renamo pediu, ainda, que a Procuradoria-Geral da República accione os mecanismos legais para o "apuramento da verdade" para responsabilização civil e criminal dos envolvidos nas dívidas ocultas.
As revelações
Na quarta-feira, Jean Boustani, o principal arguido no caso das dívidas ocultas, em julgamento nos Estados Unidos, afirmou que a empresa Privinvest pagou cinco milhões de dólares para a campanha presidencial de Filipe Nyusi de 2014 (um milhão para a campanha própria e quatro milhões para a Frelimo), a pedido do antigo Presidente Armando Guebuza.
Numa sessão anterior do julgamento, a acusação norte-americana também revelou registos bancários de uma transferência de 10 milhões de dólares de uma subsidiária da Privinvest, para a Frelimo, em quatro tranches, em 2014.
Frelimo responde que Filipe Nyusi “não tem nada a ver” com as dívidas ocultas
Esta quinta-feira, Caifadine Manasse, secretário do Comité Central da Frelimo para a Comunicação e Imagem, disse que Filipe Nyusi “não tem nada a ver com a questão das dívidas” e que "continua calmo e segue os acontecimentos".
Sobre o facto de a Frelimo ser citada, Caifadine Manasse argumentou que o partido está "a seguir o julgamento".
O porta-voz do partido no poder desvalorizou, ainda, as exigências de demissão do Presidente da República feitas pelos partidos da oposição e apelou à calma aos moçambicanos.
O estaleiro naval Privinvest é acusado de subornar governantes, políticos e banqueiros para levarem avante os projectos das empresas marítimas moçambicanas Ematum, MAM e Proindicus, as quais, entre 2013 e 2016, assumiram dívidas ocultas de 2,2 mil milhões de dólares com avales do Estado.
Oiça aqui a reportagem de Orfeu Lisboa, correspondente em Maputo.
Orfeu Lisboa, Correspondente em Maputo
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