Operação Stop esvaziou estradas de Bissau

Uma operação Stop em plena época das chuvas tem irritado os guineenses que estão a ser confrontados com falta de viaturas na via pública, em Bissau. Os transportes públicos colectivos deixaram de circular e as viaturas particulares também. As autoridades dizem que estão a controlar os documentos. 

Bissau. 28 de Julho de 2022. AFP - LUDOVIC MARIN

As autoridades dizem que é uma operação necessária, não só para o controlo de viaturas em circulação, como também para saber se os motoristas e proprietários têm toda a documentação exigida por lei.

Esta quinta e sexta-feira, as ruas de Bissau estiveram e ainda estão com poucos carros. Os proprietários deixaram simplesmente os carros em casa, carros que as autoridades entendem que não têm toda a documentação.

O advogado e activista dos Direitos Humanos Fodé Mané não concorda com a operação Stop em que, disse, são exigidos 15 itens, desde carta de condução, bilhete de identidade, despacho de compra do carro, livrete, extintor de incêndio, seguro, entre outros documentos. Fodé Mané falou à RFI em abuso de autoridade contra os cidadãos e deu o exemplo de uma abordagem abusiva.

"Eu vi um caso caricato de uma senhora que abordou um taxista, que tinha um Mercedes, a dizer que aquele extintor era pequeno. Mas era um extintor que veio com o carro. Minha senhora, ele não pode andar com um extintor de um camião!", disse o advogado.

Um porta-voz da Direcção Geral de Viação e Transportes Terrestres, Luís Filipe Mendes, disse à RFI que tudo é feito com base na lei e que o problema reside no facto de alguns proprietários de carros se recusarem a pagar o que está estipulado.

"As pessoas, às vezes, acham que não devem pagar, não sei porquê, mas uns pagaram. Há muitas pessoas a circularem hoje porque pagaram os seus documentos e essas pessoas podem circular. Os que não pagaram é que estão chateados, mas estamos a cumprir com o que está na lei, com o que está no código, é só isso que estamos a fazer", declarou.

Hoje, a operação Stop não está nas ruas, mas as estradas de Bissau continuam semidesérticas com poucos carros, tudo porque o sindicato dos motoristas e transportadores públicos decidiu avançar para uma paralisação laboral em protesto contra a operação Stop.

A operação Stop é uma iniciativa combinada entre a Polícia de Trânsito, agentes das Alfândegas e Fundo Rodoviário, de acordo com Luís Filipe Mendes, da Direcção Geral da Viação e Transportes Terrestres.

Segundo a Direcção Geral da Viação e Transportes Terrestres, cerca de 70% de veículos automóveis existentes na Guiné-Bissau circulam em Bissau. Desses, na quinta-feira, quase 80% estiveram parados por não terem toda a documentação em dia ou por o despacho do veículo não ter sido devidamente feito nas Alfândegas.

Oiça aqui a reportagem de Mussa Baldé:

02:11

Correspondência de Bissau, 12/8/2022

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