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Entregar Palmira aos jihadistas pode ter sido estratégia do regime sírio

A conquista de Palmira pelo grupo Estado Islâmico e os riscos sobre o futuro da cidade síria declarada patrimônio cultural da humanidade são assuntos em destaque nos jornais franceses desta sexta-feira (22). Várias reportagens e entrevistas tentam avaliar as consequências de mais uma derrota reveladora da fraqueza do regime de Bashar Al-Assad e também questionar a postura das potências ocidentais sobre o conflito sírio.

A cidade antiga de Palmira, chamda de a "pérola do deserto" sírio. (14/05/15)
A cidade antiga de Palmira, chamda de a "pérola do deserto" sírio. (14/05/15) AFP PHOTO / JOSEPH EID
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A tomada de Palmira reforça a presença do grupo Estado Islâmico que já controla a metade do território sírio, escreve o jornal Le Figaro exibindo uma foto panorâmica das ruínas da cidade tombada pela Unesco. O jornal conservador alerta que a conquista representa um desafio para o regime sírio e também para toda a comunidade internacional.

Em várias páginas dedicadas ao assunto, Le Figaro considera a perda de Palmira um "verdadeiro pesadelo". O regime sírio está enfraquecido e o exército se concentra em locais onde ainda tem controle, como a capital Damasco, avalia o jornal.

Le Figaro destaca a preocupação de uma autoridade próxima do presidente Bashar Al-Assad de que a situação é "muito crítica". Em editorial, o jornal conservador considera que mais cedo ou mais tarde os jihadistas vão destruir o que sobrou do glorioso passado de Palmira, conhecida como a "pérola do deserto", e exibir as imagens como arma de propaganda de guerra.

Segundo Le Figaro, os Estados Unidos estão mais interessados em manter a integridade territorial do Iraque do que se envolver no conflito do país vizinho. "Quantos mortos e tesouros perdidos os ocidentais ainda vão esperar antes de tomar uma posição e definir uma estratégia comum para a Síria?", questiona o jornal.

"Tesouro de guerra"

Libération, que se refere a Palmira como um "tesouro de guerra", afirma que a queda desta cidade milenar síria representa ao mesmo tempo um desastre para o patrimônio da humanidade e é reveladora da impotência na luta contra os jihadistas.

Em editorial, o jornal diz que a conquista desta rica cidade de mais de 2 mil anos, situada em meio a um oásis, traz uma constatação e uma interrogação. A constação é de que o exército sírio perdeu toda a sua força e vem acumulando derrotas para uma novo adversário: o "exército da conquista", formado por jihadistas da Al Qaeda e rebeldes considerados "moderados".

Libération não exclui a hipótese de que Bashar Al-Assad tenha decidido entregar o tesouro arqueológico de Palmira ao grupo Estado Islâmico para forçar a comunidade internacional a apoiar seu regime. Especialistas ouvidos pelo jornal consideram essa estratégia arriscada pois seria oferecer metade do território sírio ao grupo Estado Islâmico.

A grande interrogação do Libération é sobre a postura dos Estados Unidos. O jornal considera "incompreensível" os americanos não impedirem o avanço dos extremistas islâmicos. O presidente Barack Obama quer evitar colocar o exército norte-americano em mais uma enrascada, mas ele mesmo não parece seguro de sua estratégia. Libération espera que o caso de Palmira sirva de "eletrochoque" para os Estados Unidos.

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