Grupo Estado Islâmico conquista sítio arqueológico de Palmira
Os jihadistas da organização terrorista Estado Islâmico (EI) assumiram nesta quinta-feira (21) o controle total do sítio arqueológico de Palmira, o mais famoso da Síria, um dia depois de terem expulsado do local as forças governamentais. Os rebeldes conquistaram a cidade em apenas 5 horas. O exército sírio se retirou depois de evacuar a maior parte da população, composta atualmente de 100 mil habitantes, dois terços refugiados da guerra civil.
Publicado a:
Esta é a primeira vez que a organização islâmica ultrarradical EI conquista uma localidade protegida pelas forças do regime de Bashar al-Assad. Os jihadistas foram destruindo uma a uma as barreiras erguidas pelo exército nos arredores da cidade e não deixaram margem a um contra-ataque. Bandeiras pretas do EI foram hasteadas para mostrar a dominação.
Os extremistas conquistaram Palmira depois de terem tomado a base aérea, prédios dos serviços de informação do governo e a prisão da cidade, a maior do Oriente Médio, segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). O exército sírio bateu em retirada, dando cobertura aos habitantes, que fugiram pela estrada que liga Palmira a Homs e Damasco.
Desde quarta-feira, os combates em Palmira já deixaram pelo menos cem mortos entre as tropas pró-regime. O número de vítimas é ainda maior desde o início da ofensiva jihadista, iniciada no dia 13 de maio. O OSDH, que possui uma rede de informantes no país em guerra, registrou um total de 462 mortos, sendo 241 membros do regime e 150 jihadistas. Ao menos 71 civis morreram nos enfrentamentos, vários deles executados pelo EI.
A imprensa oficial síria anunciou ontem que as forças governamentais tomaram a direção de Damasco, prioridade do exército sírio e onde se concentra grande parte da população do país.
Localização estratégica
Palmira está situada a 240 quilômetros a nordeste de Damasco, a capital síria. A cidade tem uma localização estratégica para o grupo terrorista porque fica no deserto sírio que faz fronteira com a província iraquiana de Al-Anbar, cuja capital, Ramadi, caiu em poder dos jihadistas no domingo. Palmira também fica no eixo rodoviário que vai até Homs, a oeste, e Damasco, ao sul. A cidade ainda é cercada por campos de gás, possui um aeroporto e depósitos de armas do governo.
Ao assumir o controle do famoso sítio arqueológico e da vasta região desértica ao redor, a organização jihadista já domina quase a metade da Síria. Antes do início da guerra civil, em 2011, a cidade era visitada por 150 mil turistas por ano. As colunas romanas e outras relíquias do patrimônio de Palmira datam de mais de 2 mil anos.
De acordo com o OSDH, até o momento não há informações sobre a destruição de monumentos históricos em Palmira. A cidade está inscrita no patrimônio cultural da humanidade pela Unesco. Prevendo a ofensiva jihadista, as autoridades sírias retiraram da cidade dezenas de estatuetas e objetos de valor cultural, que foram transportados para um local mais seguro.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro