Berlim expulsa chefe do serviço secreto norte-americano na Alemanha
O governo alemão anunciou nesta quinta-feira (10) a expulsão do chefe do serviço secreto norte-americano na Alemanha, uma decisão incomum entre aliados da Otan. O caso ocorre após a abertura de uma investigação sobre um possível agente duplo que trabalharia para a CIA em território alemão.
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A decisão foi anunciada pelo porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, em um comunicado. “Foi pedido ao representante do serviço secreto dos Estados Unidos que ele deixe a Alemanha”, informou hoje o documento.
De acordo com o presidente da comissão de controle parlamentar sobre as atividades de serviços secretos, o deputado alemão Clemens Binninger, a expulsão é “uma reação sobre a falta de cooperação sobre os esforços para esclarecer a atividade de agentes secretos norte-americanos na Alemanha”.
Pela segunda vez em apenas cinco dias, a Justiça da Alemanha começou uma investigação sobre espiões norte-americanos no país. Na semana passada, Berlim já havia divulgado informações sobre a suspeita de que um funcionário do serviço de inteligência alemão estivesse colaborando com o serviço secreto americano.
O caso aumentou ainda mais a tensão na relação entre Berlim e Washington, já abalada pelas revelações sobre o rastreamento do telefone celular da chanceler alemã Angela Merkel, feito pelo serviço secreto dos Estados Unidos, no ano passado.
“Acredito que casos como esses podem prejudicar a confiança em nossos aliados”, disse Merkel hoje, em uma coletiva de imprensa. Ela também pediu para que as investigações se concentrem no essencial. "A espionagem de aliados é um gasto de energia. Temos tantos problemas e acredito que precisamos nos concentrar no que é necessário. Nem tudo que é possível fazer do ponto de vista técnico deve ser realmente feito", declarou.
Espionagem "idiota"
Já o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble, criticou a atitude de Washington. “Isso não diverte nem um pouco a chanceler”, disse a um canal de televisão do país, classificando a espionagem dos Estados Unidos na Alemanha como “uma besteira de chorar”. “Que os Estados Unidos recrutem em nossa própria casa pessoas de ‘terceira classe’, isso é extremamente idiota”, criticou o ministro.
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