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Espionagem de Merkel domina cúpula de líderes da UE

Os jornais desta quinta-feira, 24 de outubro, comentam os assuntos em pauta na reunião de cúpula dos líderes europeus em Bruxelas e as reações, aqui na França, à proposta do partido conservador UMP de mudar as regras de atribuição da nacionalidade francesa às crianças nascidas no país filhos de imigrantes em situação irregular.

Capa dos jornais franceses, Les Echos, L'Humanité, Libération, Le Figaro e Aujourd'hui en France desta quinta-feira, 24 de outubro.
Capa dos jornais franceses, Les Echos, L'Humanité, Libération, Le Figaro e Aujourd'hui en France desta quinta-feira, 24 de outubro.
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O Le Figaro não tem a menor dúvida sobre o assunto mais polêmico da reunião: será a espionagem da chanceler alemã. Em sua manchete, o Le Figaro afirma que Angela Merkel acusa os Estados Unidos de terem colocado seu telefone celular sob escuta e exige explicações de Barack Obama.

O jornal ressalva que a nota oficial do governo alemão se refere à escuta de Merkel no condicional, mas só a possibilidade dessa suspeita ser verdadeira já é muito grave. O Le Figaro avalia que essa história de espionagem de líderes mundiais assumiu proporções que deixam o governo americano constrangido.

Obama já teve que passar a mão no telefone para ligar para a presidente Dilma Rousseff, para François Hollande, "um aliado próximo", mas o caso de Merkel é mais grave, afinal ela é a "patroa" da Europa, afirma o jornal. O diário não vê, no entanto, indícios nas declarações do governo americano de que essa prática invasiva generalizada da NSA vai mudar.

Imigração clandestina

A imigração clandestina e o problema da porosidade das fronteiras europeias também estarão em destaque na cúpula de Bruxelas. O jornal comunista L'Humanité informa que de 1993 a 2012, 16.264 imigrantes morreram tentando chegar à Europa.

O que é lamentável, na opinião do jornal, é que os líderes europeus vão discutir meios para reforçar a proteção das fronteiras, quando deveriam pensar nos imigrantes. A França deve propor na reunião um fortalecimento dos controles policiais nas fronteiras terrestres e marítimas. O L'Humanité estima que as políticas repressivas dos últimos anos em matéria de asilo e de acesso aos territórios europeus tiveram consequências dramáticas, basta olhar o número de mortos. O jornal julga necessário mudar a política de acolhimento dos imigrantes.

Proposta populista na França

Ainda sob o impacto da truculenta deportação da cigana Leonarda, de 15 anos, para o Kosovo, a oposição aproveita o momento para angariar alguns votos da extrema-direita, com propostas de endurecimento das políticas migratórias.

O secretário-geral da UMP, Jean François-Copé, propôs mudar um princípio básico da república francesa, como critica o jornal Les Echos, retirando de crianças que nascerem em território francês o direito automático à cidadania. Copé prega essa mudança no direito do solo para os filhos de pais estrangeiros que estiverem em situação irregular no país, mas toda a imprensa condena essa "derrapagem populista".

O jornal Aujourd'hui en France aborda o assunto sob um ângulo interessante. Com a manchete "O que a França deve aos estrangeiros", o Aujourd'hui en France informa o lançamento de um dicionário, editado pela Robert Laffont, com perfis de personalidades estrangeiras que adotaram a França e contribuíram para o enriquecimento do país em todas as áreas.

Escrito por historiadores, o dicionário tem 992 páginas e cita entre seus verbetes o ex-presidente Nicolas Sarkozy, que gostava de se apresentar como um "francesinho de sangue misturado", por suas origens húngaras, o costureiro Pierre Cardin, nascido na Itália, a cantor Charles Aznavour, armênio, o presidente da Renault, o franco-líbano-brasileiro Carlos Ghosn, entre outros.
 

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