Sequestro sangrento no Sul de França
O autor do sequestro esta manhã num supermercado de Trèbes, sul de França, foi abatido esta tarde pelas forças da ordem. Segundo as autoridades, o homem conduziu ataques em três tempos durante os quais matou três pessoas e causou ferimentos em pelo menos outras três. O assaltante, um jovem de 26 anos, terà declarado estar a agir em nome do grupo Estado Islâmico. Pouco depois do sucedido, o grupo jihadista reivindicou o acto cometido por "um soldado do califado".
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Esta manhã, o indivíduo, identificado pelas autoridades como Redouane Lakdim, 26 anos, um jovem conhecido por pequenos delitos, roubou um carro em Carcassonne, no sul do país, matando um passageiro e ferindo gravemente o condutor do veículo.
Em seguida, o suspeito atirou e feriu ligeiramente um agente da polícia de choque que estava a regressar à sua caserna e, por volta das 11 horas da manhã, o homem entrou num supermercado "Super U" na pequena localidade de Trèbes a cerca de 10 km de Carcassonne, sequestrou quem lá se encontrava, segundo uma testemunha o assaltante gritou “Allah Akbar” (Deus é grande, em árabe) e acabou por matar um cliente e um funcionário daquele estabelecimento.
Ele feriu também gravemente um agente da polícia de choque quando se deu o assalto durante o qual foi abatido pelas forças da ordem.
Rapidamente nesta manhã, nas redes sociais, as autoridades aconselharam a população a manter-se afastada do local para “facilitar o acesso às forças de ordem” e confinaram-se durante algumas horas as 4 escolas e colégios daquele perímetro.
Lúcia Carvalheira, comerciante de origem portuguesa estabelecida há 22 anos em Trèbes muito perto do supermercado onde tudo aconteceu, contou-nos como foi vivida esta manhã naquela pequena localidade do sul de França.
Lúcia Carvalheira, comerciante de origem portuguesa de Trèbes
De acordo com o Ministro francês do Interior, Gerard Collomb, "o homem agiu sozinho" e as autoridades "não julgavam que houvesse radicalização no caso dele mas ele passou aos actos repentinamente".
Antes mesmo de se dar a operação contra o assaltante, as autoridades referiam estar a privilegiar a pista terrorista. A secção antiterrorista do Ministério Público de Paris foi logo activada.
Refira-se que nos últimos anos, a França tem sido alvo de vários ataques, nomeadamente a 9 de Janeiro de 2015, dois dias depois da matança no jornal satírico Charlie Hebdo, 4 reféns foram mortos num supermercado em Vincennes, na região parisiense.
Alguns meses depois, a 13 de Novembro de 2015, três ataques distintos entre os quais um sequestro na sala de concertos parisiense Bataclan causam 130 mortos e, mais recentemente, no dia 1 de Outubro de 2017, um tunisino de 29 anos matou à facada duas jovens antes de ser abatido pela polícia.
À semelhança dos outros, este último ataque foi reivindicado pelo órgão de propaganda do grupo Estado Islâmico mas o inquérito não revelou até ao momento a existência de um elo entre o assaltante e a organização jihadista.
Reagindo a partir de Bruxelas a esta ataque Emmanuel Macron, presidente francês, alegou que as autoridades estavam na posse de elementos que confirmavam a ameça terrorista manter-se elevada em França.
"Nunca escondemos o facto de a ameaça terrorista se manter elevada.
E isto essencialmente por termos de há vários meses a esta parte uma ameça endógena.
Ou seja muitos indivíduos radicalizaram-se, com perfis psiquiátricos diversos.
No âmbito da investigação vai-se apurar o acompanhamento que teria sido dado ao caso.
Mas tratam-se de ameaças terroristas em França.
Já não estamos numa situação como há 2 ou 3 anos onde nos debatíamos com ofensivas levadas a cabo no nosso território a partir da zona da Síria e do Iraque.
É essa a diferença entre o terrorismo que tivémos na altura e o que temos agora.
Hoje debatemo-nos com indivíduos perigosos, acompanhados de muito perto."
Emmanuel Macron, presidente francês
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