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FRANÇA

França: novo dia de interrogatório para Sarkozy

Em França o antigo chefe de Estado, Nicolas Sarkozy, foi de novo ouvido, pelo segundo dia consecutivo, pela polícia judiciária de Nanterre, perto de Paris. Em causa estão as suspeitas de financiamento ilícito pela Líbia da sua campanha de 2007 que o levou ao Eliseu.

O ex presidente Nicolas Sarkozy sai da sua casa em Paris para o segundo dia de interrogatório, a 21 de Março de 2018.
O ex presidente Nicolas Sarkozy sai da sua casa em Paris para o segundo dia de interrogatório, a 21 de Março de 2018. REUTERS/Benoit Tessier
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Nicolas Sarkozy teve, ainda assim, autorização para dormir em casa, em Paris, tendo regressado às instalações da Polícia judiciária de Nanterre na manhã desta quarta-feira.

A sua custódia policial foi levantada ao início da noite.

É a primeira vez que o antigo chefe de Estado se encontrava sob custódia policial neste caso, ele que sempre negou ter recebido financiamento da Líbia de Kadafi para a sua campanhe eleitoral.

O ex presidente de direita francês que veio a estar na origem da intervenção militar internacional de 2011 que acabaria por precipitar a queda de Muamar Kadafi, facto realçado pelo jornalista Edwy Plenel, da Mediapart que revelou o escândalo agora a ser investigado pela justiça.

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Edwy Plenel, jornalista do órgão Mediapart

"Podemo-nos colocar a pergunta se esta guerra não era também uma guerra com outras ideias por detrás, para apagar os vestígios desta corrupção.

O que é certo é que esta verdade, revelada pela Mediapart em 2011 e 2012, e que levou tanto tempo a se impor e a ser aceite pelo sistema mediático e político francês.

O que vai acontecer é que o enorme arsenal muito moderno da Líbia acabou por ficar disperso... e é hoje utilizado pelos extremistas no Sahel.

Seria necessário, se a democracia francesa funcionasse, que se fizesse, para além da investigação judicial, uma investigação parlamentar.

E isto por forma a elucidar o caso franco-líbio, sobre esta intervenção miltar, como ocorreu no Reino Unido com audiências impiedosas !"

Na origem destas revelações da Mediapart está o franco-libanês Ziad Takieddine que alegara ter remetido três malas contendo 5 milhões de euros provenientes da Líbia à candidatura de Nicolas Sarkozy.

Também o antigo ministro da administração interna, Brice Hortefeux, foi ouvido pela justiça nesta terça-feira, mas não sob custódia policial.

Sarkozy teria mesmo estado sob escuta da justiça por se ter tentado inteirar do avanço do processo que contra ele pesava implicando a grande fortuna dos cosméticos, Liliane Bettencourt, num caso de abuso de fraqueza da ex milionária.

Esta entretanto já faleceu e o caso tinha também sido arquivado.

Outros casos que poderiam vir a ameçar Sarkozy são também o financiamento da sua campanha eleitoral de 2012, as sondagens encomendadas pelo Eliseu por desvio de fundos públicos.

Pesam ainda sobre ele ameaças no caso dito de Karachi, com suspeitas de corrupção à margem de contratos de armamento e da campanha presidencial de Edouard Balladur em 1995 de que Sarkozy foi porta-voz.

Finalmente também o caso da resolução durante o seu mandato do contencioso de Bernard Tapie se vem acumular às dores de cabeça de Sarkozy.

O empresário em causa tinha um litígio com o banco LCL no caso da venda do grupo Adidas.

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