François Fillon, ouvido pelas autoridades francesas.
François Fillon seria ouvido pelas autoridades nesta quarta-feira, mas, numa decisão de última hora, a audiência foi antecipada em 24 horas para "manter a dignidade do candidato", explicou um dos seus advogados, acrescentando que existe uma "forma de pressão mediática (...) que prejudica a presunção de inocência" e que a presença de "um grupo de 300 jornalistas não é compatível com a sua visão da Justiça".
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A apenas 40 dias das eleições, Fillon não respondeu a quaisquer perguntas dos juízes; limitou-se a ler uma declaração e saiu acusado de desvio e cumplicidade na ocultação de dinheiros públicos e incumprimento de obrigações face à Alta Autoridade para a Transparência Pública.
Fillon mantém que não se retirará da corrida às eleições presidenciais, cuja primeira volta se realiza a 23 de abril. "Não cederei, não me renderei e não me retirarei. Peço-vos que me sigam".
Na declaração lida aos juízes, na audição que decorreu em Paris, tornada pública logo a seguir, o candidato manteve que não eram fictícios os empregos de sua mulher e de dois dos filhos do casal, Marie e Charles, que foram pagos para realizarem tarefas enquanto advogados, quando Fillon era senador. Além disso, Fillon declarou não ser competência "da autoridade judicial apreciar e decidir das características" das tarefas desempenhadas pelos familiares.
A notícia da investigação formal foi inicialmente avançada pelo semanário francês Le Canard Enchaîné - o mesmo que, em Janeiro, já divulgara a história que dava conta das alegadas funções fictícias de assistente parlamentar exercidas pela mulher de Fillon - e foi quase de seguida confirmada oficialmente pelas autoridades.
François Fillon, que continua a negar as acusações e a afirmar estar a ser vítima de uma “caça ao homem”, tinha anteriormente afirmado publicamente que desistiria da candidatura ao Eliseu caso fosse indiciado pelo escândalo sobre o emprego da mulher, mas acabou por não desistir mesmo após ter sido aberta uma investigação formal.
Entretanto, especula-se que o ex-primeiro-ministro Manuel Valls, e candidato derrotado nas primárias da esquerda por Benoît Hamon, poderia apoiar Macron, mesmo que o não fizesse de forma pública.
De acordo com a lei francesa, a instauração de uma investigação formal significa que existem “provas graves ou consistentes” que apontam para o provável envolvimento de um suspeito de um crime. Investigação que será suspensa durante o mandato presidencial, caso Fillon vença as eleições.
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