França: Benoît Hamon candidato da esquerda
Benoît Hamon ganhou as eleições primárias da esquerda francesa ao derrotar na segunda volta Manuel Valls. O ex primeiro ministro socialista perdeu para o antigo ministro da educação, da ala esquerda. Este último deixara o governo cessante por discordar da respectiva política.
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Benoît Hamon avista-se com primeiro-ministro Bernard Cazeneuve e brevemente com presidente da república François Hollande: a ala reformista do ps leva a melhor perante ala liberal, no poder, visando as eleições presidenciais de Abril.
O antigo ministro da educação obteve 58,71% dos votos contra 41,29% para o ex primeiro-ministro Manuel Valls.
No rescaldo da sua vitória Hamon apelou à união da esquerda que conta ainda com outros três candidatos declarados, Jean Luc Mélenchon, da extrema esquerda, Yannick Jadot pelos ecologistas e Emmanuel Macron, da esquerda liberal.
"Terei a honra de encarnar as vossas aspirações de progresso, as vossas expectativas de justiça e quero dar-lhes novos caminhos.
Tenho a convicção de que perante uma direita dos privilégios, uma direita conservadora e uma extrema direita destruidora o nosso país precisa da esquerda.
Quero começar por reunir os socialistas, todos os socialistas porque se trata da minha família política a quem consagrei 30 anos de compromisso.
Será também reunir a esquerda e os ecologistas. Desde esta segunda-feira vou propor a todos os candidatos desta primária, mas também a todos os que se reconhecem na esquerda e na ecologia política, em particular Yannick Jadot et Jean-Luc Mélenchon, a pensar só no interesse dos franceses, além das nossas pessoas.
Propor-lhes-ei que construamos juntos uma maioria governamental coerente e duradoura em prol do progresso social, ecológico e democrático."
A participação na segunda volta das eleições primárias foi superior à da primeira cifrando-se em 2 037 593 contra 1,6 milhões na semana seguinte.
Benoît Hamon anunciou imediatamente que proporia a Jean-Luc Mélenchon, conotado com a extrema esquerda, e a Yannick Jadot, dos ecologistas, construirem juntos uma maioria.
Além destes três candidatos da esquerda, declarados, na corrida rumo ao Palácio do Eliseu há ainda um antigo ministro, o da economia, do governo cessante, Emmanuel Macron.
Este também recusou participar nas primárias e tem sido uma das revelações dos últimos tempos com um discurso liberal a seduzir tanto à esquerda como à direita e com comícios apinhados.
Na óptica do analista de origem angolana a residir em França Felício Manu, nunca a esquerda abordou eleições presidenciais tão dividida e, ao referir que a vitória de Hamon nestas primárias traduz uma relação complexa dos eleitores com o balanço do governo cessante, considera também que vai ser difícil reconciliar a família socialista.
Analista Felício Manu
Refira-se ainda que, por sua vez, a direita optou por escolher o antigo primeiro-ministro François Fillon, Marine Le Pen, da extrema direita, será a candidata da Frente nacional.
A maioria das sondagens prevêem uma segunda volta entre Fillon e Le Pen.
Porém nos últimos tempos as sondagens têm sido sistematicamente desmentidas nas urnas e François Fillon está a ser abalado por um escândalo envolvendo o suposto emprego fictício da sua esposa, factos por ele contestados.
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