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Síria/Estado Islâmico

Jihadistas franceses na Síria reclamam da falta de iPod e ter de lavar louça, diz jornal

Segundo reportagem do jornal Le Figaro, diversos jovens franceses que partiram para a Síria estão contatando suas famílias se dizendo arrependidos de ter se juntado ao grupo Estado Islâmico. Nas mensagens divulgadas pelo jornal, eles se dizem decepcionados, lamentam serem obrigados a cumprir tarefas cotidianas e a distância da tecnologia.

Captura vídeo de um jihadista francês, Abu Abd Al Rahman (direita) com seu irmão.
Captura vídeo de um jihadista francês, Abu Abd Al Rahman (direita) com seu irmão. Reprodução youtube
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“Eu não faço nada além de distribuir roupas e comida. Também tenho que limpar armas e transportar corpos de combatentes mortos”, relata um deles, que vive em Alepo. Ele também lamenta: “Está ficando difícil com a chegada do inverno”.

Segundo o Le Figaro, as mensagens impressionam pela ingenuidade de seu conteúdo e também pelo choque de realidade de jovens que cresceram em um mundo conectado ao depararem com o estilo de vida medieval dos jihadistas: “Não aguento mais. Meu iPod não funciona mais. Preciso voltar!”, diz uma mensagem. Outro jihadista diz que está cansado de ter de lavar a louça. Há também relatos mais dramáticos: “Eles querem me enviar à frente de batalha, mas eu não sei combater...”.

Ao final de todas as mensagens está sempre a questão: “o que vai acontecer comigo se eu voltar à França?”. Segundo o Figaro, muitos jihadistas estão contratando advogados para poder retornar sem o risco de serem presos ou processados. “Nós estamos em contato com autoridades policiais e judiciárias, mas é um assunto muito sensível”, afirma um advogado, que não se identificou. O jornal diz que dentro do governo francês há muita resistência em negociar rendições, considerando o risco de que algum dos supostos ex-jihadistas acabe cometendo um antenado em território francês.

Retorno difícil

A estratégia dos advogados é se preparar para um momento em que a opinião pública se torne mais favorável. “A ideia é provar que os nossos clientes tem boa fé e também começar a preparar documentos que, no momento adequado, fornecerão provas para os juízes”, afirma um dos defensores. Os advogados incentivam as famílias a guardar mensagens e emails, como os que foram publicados pelo Figaro.

Os que contataram o governo francês em busca de rendição receberam uma resposta vaga: “Apresente-se no consulado Francês em Istambul ou em Erbil. Depois, nós veremos”. O Direito Francês prevê o estatuto de “arrependido”, mas ele é utilizado praticamente apenas em casos envolvendo drogas. A política do ministro do Interior Bernard Cazeneuve, segundo o Le Figaro, continuará sendo a de evitar a todo preço que jovens franceses partam, já que, claramente, é mais fácil ir embora do que voltar.

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