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Mercado financeiro/Fraude

Justiça francesa confirma condenação de ex-trader a reembolsar € 5 bilhões

O ex-trader do banco Société Générale Jérôme Kerviel foi condenado nesta quarta-feira pela Corte de Apelação de Paris a cinco anos de prisão, dos quais três em regime fechado, e a pagar uma indenização de € 4,9 bilhões. Ele foi julgado responsável por uma perda recorde do banco em 2008. A corte confirmou integralmente o julgamento dado em primeira instância.

O ex-trader francês Jérôme Kerviel foi condenado a três anos de prisão em regime fechado
O ex-trader francês Jérôme Kerviel foi condenado a três anos de prisão em regime fechado REUTERS/Gonzalo Fuentes
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No processo de apelação, que aconteceu em junho, a acusação havia pedido a pena máxima de prisão, que é de cinco anos em regime fechado.

Ao final da audiência o advogado de Jérôme Kerviel denunciou uma "justiça lamentável". Ele afirmou que vai estudar a possibilidade de recorrer da decisão. O acusado, de 35 anos, partiu discretamente, sem fazer nenhuma declaração.

Em primeira instância, em 2010, Kerviel já havia sido condenado à mesma pena de prisão e a reembolsar essa soma astronômica, que correspondende ao prejuízo que o banco afirma ter sofrido por culpa dele.

A Société Générale exigiu novamente seus € 4,9 bihões, apesar de ser evidente que Jérôme Kerviel, originário de uma família modesta e desempregado, nunca vai conseguir reembolsar esse valor. O banco, aliás, disse imediatamente, por meio de seu advogado, que será "realista" e vai estudar a situação de seu antigo empregado.

O advogado do ex-trader, David Koubbi, havia pedido sua libertação, afirmando que o banco "sabia" o que ele fazia e que todo esse caso era "uma farsa" e uma "enganação intelectual".

Especulação

Jérôme Kerviel é acusado de ter realizado especulações financeiras no valor de dezenas de bilhões de euros em mercados de risco sem o conhecimento de seus superiores hierárquicos e de ter driblado os mecanismos de controle graças a operações fictícias, documentos falsos e mentiras.

Ele foi processado por abuso de confiança, falsificação e introdução fraudulenta de dados no sistema informático do banco.

Executivos da Société Générale haviam sido demitidos e as carências de seus sistemas de controle tinham valido ao banco uma multa de € 4 milhões da comissão bancária. Mas Jérôme Kerviel foi o único a ser processado após esse escândalo que abalou o mundo das finanças e quase levou o banco à falência.

O ex-trader admitiu ter perdido a noção da realidade e afirmou que seu único objetivo era fazer o banco ganhar dinheiro. Mas ele também repetiu que seus superiores sabiam o que ele estava fazendo. No apelo, Kerviel disse até que era vítima de um complô do banco para fazer dele um bode expiatório pelos prejuízos sofridos na crise das subprime.

No dia 24 de janeiro de 2008, quando a Société Générale revelou a "fraude" de € 4,9 bilhões atribuída a Jérôme Kerviel, ela também anunciou um prejuízo de € 2 bilhões devido aos créditos hipotecários americanos. Mas a investigação não detectou nenhum complô.

Testemunhas vieram depor durante o processo para defender essa tese, sem conseguir prová-la. Essa "teoria do complô" fazia parte de uma linha de defesa mais agressiva que em primeira instância, quando Jérôme Kerviel foi defendido por um outro advogado.

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