Justiça confirma “confusão” na cabine do AF447 antes da queda
As famílias das vítimas do acidente com o voo AF447, que caiu entre o Rio de Janeiro e Paris em 2009, foram recebidas nesta quarta-feira na capital francesa pela juíza Sylvia Zimmermann para a apresentação de um relatório dos peritos da justiça. O documento, que relata os últimos instantes do voo, confirma que uma “confusão” tomou conta da cabine dos pilotos antes da queda do avião. Os familiares reivindicam o acesso a todas as informações das caixas-pretas.
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O objetivo do encontro dessa quarta-feira foi apresentar os resultados do relatório realizado por uma equipe de peritos da justiça francesa. O documento será em seguida confrontado com a perícia feita pela BEA, a agência civil que investiga as causas do acidente. Durante a reunião, a juíza responsável pelo caso apresentou a reconstituição dos quatro últimos minutos do voo, entre o primeiro alarme e o impacto da aeronave no mar. Mesmo se a análise ainda é parcial, o relatório confirma que houve “uma certa confusão” entre os membros da tripulação pouco antes da catástrofe.
Peritos da justiça confirmam "confusão" à bordo do voo AF447
Segundo os especialistas, os pilotos não teriam percebido os sinais de perda de sustentação enviados pelos computadores da aeronave. “A origem e as causas dessa confusão serão alvos das análises futuras”, explica Jean-Pierre Bellecave, um dos advogados dos familiares das vítimas francesas. As famílias dos brasileiros, que não participaram dessa fase do processo, não estavam presentes na reunião.
De acordo com o advogado, os representantes das vítimas continuam reivindicando o acesso a todos os dados registrados pelas caixas-pretas do avião. “Até o momento a juíza recusou nos dar todas as informações, mas nós esperamos agora ter acesso a esses elementos, que nos permitirão continuar a reflexão junto com o BEA e os peritos da justiça. Não queremos ser excluídos desse trabalho e receber apenas as hipóteses e conclusões dos especialistas. Nós queremos ouvi-los, mas também queremos fazer nossas perguntas”, disse Bellecave.
Reconstituição
Apesar dos pedidos dos familiares, por enquanto apenas os últimos instantes do voo foram revelados. Mas segundo Jean-Baptiste Audousset, ex-presidente da associação das famílias das vítimas francesas, essa foi a primeira vez que uma reconstituição tão detalhada foi apresentada. “Quando o vídeo mostra o avião se aproximando do mar, a gente se imagina dentro da aeronave”, disse ele.
De acordo com Maarten van Sluys, da associação das famílias das vítimas brasileiras, dentro de 2 ou 3 semanas a justiça francesa deve informar aos familiares os nomes de 104 vítimas que tiveram seus corpos identificados. A queda do voo da Air France causou a morte de 228 pessoas.
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