Em clima pesado e sem Galliano, Dior apresenta última coleção
Nesta sexta-feira, no Museu Rodin, a Dior realizou o desfile da última coleção do estilista britânico John Galliano, despedido na segunda-feira por ter proferido insultos racistas e antissemitas. A emoção foi grande e as modelos choraram no final do desfile.
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O primeiro acontecimento do desfile foi o desabafo do presidente da Dior Couture, Sidney Toledano, em uma rara aparição. Ele lembrou, mais uma vez, que os insultos de John Galliano são inaceitáveis. "O que nos acontece hoje é uma prova muito dura. O fato de o nome da Dior ter sido envolvido em comentários intoleráveis através do seu designer, por mais brilhante que ele seja, é muito doloroso para nós", foram as palavras do presidente da Maison. "Cada um na Dior, que se entregou ao trabalho de corpo e alma, está surpreso e entristecido por suas palavras inclassificáveis, concluiu Toledano, homenageando os ateliês de costura que terminaram a coleção "com o coração apertado".
Sem Galliano, nem celebridades
A top model russa, Natalia Vodianova, foi a única famosa a assistir ao desfile. Ela afirmou que não se deve reter apenas o escândalo. "John está sob influência de uma doença contra a qual ele se sente impotente", declarou a modelo, lembrando que o álcool faz as pessoas terem reações monstruosas.
A diretora artística da Vogue americana, Grace Coddington, reconheceu o talento do estilista: "Minhas impressões? Modelos muito bonitos, simplesmente. Vamos ver o que a marca vai mostrar na próxima vez".
Quanto ao desfile, foi aberto pela manequim fetiche da Dior, a americana Karlie Kloss, que trocou as atitudes provocantes habituais pela seriedade. Sem exceção, as modelos desfilaram com o rosto sombrio e maquilagem mais leve.
Sobre a coleção, cinturas marcadas e vestidos de soirée inspirados em camisolinhas marcaram o desfile, em que as cores vivas foram raras. Muito tom pastel para os curtinhos, com algumas escapadas, como um bustiê em veludo vermelho ou um vestido cor de beringela com babados e toques divertidos de pele.
No final do desfile, nada de backstage e alegria. O momento apoteótico em que o criador aparecia vestido excentricamente, sob uma salva de gritos e aplausos, foram os quarenta funcionários e funcionárias do ateliê que surgiram na passarela.
Assim, entre lágrimas e sem nenhum glamour, terminou o último capítulo da história de John Galliano na Dior.
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