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França

França: Proibida distribuição de ajuda alimentar num bairro de Paris

A distribuição de ajuda alimentar está proibida desde terça-feira, 10 de Outubro, num bairro de Paris onde se concentram migrantes e sem abrigo. Uma decisão «inaceitável» que vai prejudicar os que têm poucos meios para viver segundo as associações.

Acampamento de migrantes em Paris.
Acampamento de migrantes em Paris. © AFP - JULIEN DE ROSA
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Laurent Nuñez, governador Civil de Paris, assinou o decreto que prevê uma «proibição da distribuição de ajuda alimentar» durante um mês, entre 10 de Outubro e 10 de Novembro, num sector delimitado entre o 10° e o 19° bairros, em nove ruas num bairro à volta das estações de metro Stalingrad e Jaurès.

A justificação das autoridades é que «essa distribuição de ajuda alimentar, recorrente, acaba por aumentar a população que beneficia dessas ajudas e que contribuem para a formação de acampamentos nesses sectores do bairro da Villette, concentrando migrantes, toxicodependentes, e sem abrigo».

As autoridades acrescentam que esse bairro é agora um «ponto fixo para esses acampamentos». Terça-feira, as autoridades anunciaram ter realojado 398 pessoas que dormiam na rua nesse sector da Villette, sendo estas pessoas maioritariamente afegãs.

O governador Civil tomou pela primeira vez esta decisão porque já havia «problemas, inclusive conflitos que perturbaram a ordem pública», segundo o comunicado.

No entanto, Philippe Caro, um dos responsáveis do Colectivo «Solidarité Migrants Wilson», afirmou que nunca «houve problemas no ponto de distribuição».

Para Philippe Caro, esta decisão apenas vai «complicar o trabalho das associações e vai apenas deslocar o problema para um outro sítio, mas os Jogos Olímpicos estão a aproximar e sentimos a pressão aumentar e as toxicodependentes vão ser um pretexto para colocar toda a gente fora», frisou o responsável do Colectivo.

Segundo Samuel Coppens, porta-voz da Associação «Armée du salut», esta situação vai «prejudicar os mais pobres».

Ainda para Samuel Coppens, «uma pessoa que tem fome, é uma pessoa que tem fome e temos de ajudá-los. As pessoas estão presentes, então é melhor encontrá-las, reconhecê-las, porque essa é a melhor arma contra as ameaças que poderiam acontecer», reforçou.

Para a associação, o Estado está a aplicar o mesmo método que em Calais, no Norte do país, onde esses tipos de decretos já existem desde 2020. De notar que associações apresentaram uma queixa à alta jurisdição administrativa, mas o Conselho de Estado recusou mudar os decretos.

As associações presentes em Paris estão a estudar a hipótese de fazer uma queixa na justiça.

Acampamento de migrantes em Calais. Imagem de Ilustração.
Acampamento de migrantes em Calais. Imagem de Ilustração. © AP - Rafael Yaghobzadeh

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