França: Macron e oposição reunidos durante 12 horas sem nenhum consenso

O Presidente francês reuniu, a 30 de Agosto, os chefes de todos os partidos políticos numa reunião à porta fechada que durou 12 horas. Emmanuel Macron, que governa sem maioria absoluta, procurava criar consenso apesar das divisões políticas e avançou que o objectivo era chegar a acordos sobre futuros textos legislativos ou referendos. Nenhum destes objectivos foi alcançado e a oposição criticou a falta de medidas "concretas".

O Presidente francês Emmanuel Macron convidou os partidos da oposição na tentativa de sair do impasse político, mas nenhum consenso foi alcançado e a oposição mostrou-se insatisfeita com o encontro. © Geert Vanden Wijngaert/AP

Tive impressão de viver durante 12 horas no planeta Marte, com uma quantidade de debates, conversas e discussões mas nenhum anúncio. Nenhuma medida concreta,

lamentou Manuel Bompard, do partido de esquerda França Insubmissa. 

Viemos, vimos, e ficámos desiludidos. Não há nada de novo debaixo do sol, 

enfatizou Marine Tondelier, chefe do partido ecológico. 

Quanto ao chefe da extrema-direita, Jordan Bardella viu na iniciativa uma tentativa de reconciliação do Presidente com a oposição, reconciliação necessária em vésperas de rentrée política, Emmanuel Macron estando à frente de um governo sem maioria absoluta.

Ao fim das 12 horas de reunião à porta fechada, sem câmaras nem presença mediática e com a obrigação de deixar os telemóveis fora da sala de encontro, nenhuma decisão foi tomada.  

As reformas institucionais, a coesão social no país e a situação internacional estiveram em cima da mesa. Direita e extrema-direita insistiram sobre a criação de um referendo sobre a imigração, os partidos de esquerda colocaram em cima da mesa a reforma das pensões, que deu origem a um dos maiores movimentos de contestação social em França.

A única medida concreta anunciada foi a criação de uma conferência sobre os salários baixos, sem data estipulada. 

A equipa presidencial elogiou, quanto a ela, um "grande momento político, de unidade e de responsabilidade". O Eliseu anunciou ainda a realização de um seminário governamental a 6 de setembro para dar seguimento a estes debates.