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#França/China

França "consternada" com declarações do embaixador da China

A França manifestou-se "consternada" com as declarações do embaixador chinês em França a questionar a soberania da Ucrânia e dos países da ex-URSS, assim como o estatuto da Crimeia. Os países bálticos também lamentaram as declarações de Lu Shaye.

Embaixador da China em França, Lu Shaye. Paris, 10 de Setembro de 2019.
Embaixador da China em França, Lu Shaye. Paris, 10 de Setembro de 2019. AFP - MARTIN BUREAU
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Questionado sobre a guerra na Ucrânia, no canal televisivo francês LCI, esta sexta-feira, o embaixador chinês em França, Lu Shaye, disse que "os países da ex-União Soviética não têm um estatuto efectivo na lei internacional porque não há acordo internacional para concretizar o seu estatuto como país soberano".

Sobre a Crimeia, península ucraniana desde 1954 e anexada em 2014 por Moscovo, o diplomata acrescentou: "Depende de como se encara este problema. Há a história. A Crimeia era antes de mais da Rússia. Foi (Nikita) Krouchtchev quem ofereceu a Crimeia à Ucrânia no tempo da União Soviética". Lu Shaye disse que não vale a pena discutir "este tipo de problema" e que "o mais importante é realizar o cessar-fogo".

Em resposta, um porta-voz da diplomacia francesa declarou, no sábado à noite:“Tomámos conhecimento com consternação dos comentários do embaixador da China em França sobre as fronteiras dos países que se tornaram independentes após a queda da União Soviética em 1991. Cabe à China dizer se essas observações reflectem a sua posição e esperamos que não seja o caso."

"Assinalamos a nossa total solidariedade com todos os nossos aliados e parceiros que adquiriram a independência tão esperada após décadas de opressão", acrescentou o responsável, sublinhando que a Ucrânia "foi reconhecida internacionalmente dentro de fronteiras que incluiam a Crimeia em 1991 por toda a comunidade internacional, incluindo a China".

Para já, ainda não houve reacção da parte de Pequim.

No Twitter, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, Margus Tsahkna, escreveu que as declarações do embaixador chinês são "falsas" e "um contrasenso histórico". "De acordo com o direito internacional, os países bálticos são soberanos desde 1918, mas foram ocupados durante 50 anos", declarou.

Também o chefe da diplomacia da Letónia, Edgars Rinkevics, lamentou declarações que classificou como "totalmente inaceitáveis" e pediu à China para as retirar.

Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, escreveu no Twitter: "Se alguém ainda tem dúvidas sobre porque é que os países bálticos não confiam na China para 'negociar a paz na Ucrânia', aqui está um embaixador chinês a dizer que a Crimeia é russa e que as fronteiras dos nossos países não têm estatuto legal".

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