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França

Terminou julgamento do padre Hamel, degolado em plena igreja

Terminou esta quarta feira o julgamento do padre Hamel, degolado em plena igreja em 2016, em Saint-Étienne-du-Rouvray. Os réus acusados de "quadrilha terrorista" foram condenados com penas que vão de oito a 13 anos de prisão. 

Fotografia do padre Jacques Hamel, de 85 anos, morto por dois jihadistas dentro da sua igreja quando celebrava a missa, a 26 de Julho de 2016, em Saint-Étienne-du-Rouvray, perto de Rouen.
Fotografia do padre Jacques Hamel, de 85 anos, morto por dois jihadistas dentro da sua igreja quando celebrava a missa, a 26 de Julho de 2016, em Saint-Étienne-du-Rouvray, perto de Rouen. AFP - SAMEER AL-DOUMY
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O Tribunal de Paris condenou, esta quarta-feira, Yassine Sebaihia a oito anos de prisão, Farid Khelil a 10 anos e Jean-Philippe Jean Louis a 13 anos. Os três foram julgados por  "quadrilha terrorista". Um quarto réu, Rachid Kassam, julgado à revelia, foi condenado a prisão perpétua. 

O julgamento aconteceu seis anos depois de o padre Jacques Hamel, de 85 anos, ter sido morto por dois jihadistas dentro da sua igreja quando celebrava a missa, a 26 de Julho de 2016, em Saint-Étienne-du-Rouvray, perto de Rouen.

Os dois atacantes, Adel Kermiche e Abdel-Malik Petitjean, de 19 anos, foram abatidos pela polícia à saída da igreja.

Jean-Philippe Jean Louis, Farid Khelil e Yassine Sebaihia estavam acusados de "associação criminosa a terrorista" por terem tido conhecimento do ataque, por partilharem a ideologia jihadista e por terem tentado juntar-se a grupos terroristas na Síria.

Na leitura da sentença, o tribunal deu como provado que os réus, mesmo sem saberem detalhadamente o projecto dos jihadistas, tinham "perfeita consciência que Adel Kermiche e Abdel-Malik Petitjean pertenciam a uma associação jihadista e preparavam uma acção violenta".

Ausente do banco dos réus esteve o alegado mentor do ataque e membro do grupo Estado Islâmico, Rachid Kassim, supostamente morto num atentado à bomba no Iraque em Fevereiro de 2017. Julgado à revelia, foi condenado a prisão perpétua, com obrigatoriedade de cumprir 22 anos de reclusão. Estava acusado de cumplicidade por ter “encorajado e facilitado” o ataque, nomeadamente através das instruções que deu aos atacantes através da aplicação Telegram.

O Padre Jacques Hamel, de 84 anos, foi degolado após ter celebrado a missa na sua paróquia de Saint-Étienne-du-Rouvray, no norte de França, por dois agressores num acto reivindicado pelo Estado Islâmico. Um fiel ficou ferido no sequestro.

Entrevistada por Miguel Martins, Felicidade de Barros, paroquiana portuguesa de Saint-Étienne-du-Rouvray, testemunha o estado de espírito com que a sentença foi vivida no local.

01:19

Felicidade de Barros, paroquiana de Saint Etienne du Rouvray, 10/3/2022

 

"Era o meu confessor e era o padre da minha freguesia. Ao princípio as pessoas ficaram muito revoltadas com o que se passou e eram muito contra as pessoas que fizeram isso, as famílias e tudo ! Mas agora chegámos a uma época que o que o pessoal queria era o julgamento. Era ver que, realmente, essas pessoas eram castigadas. Agora a igreja até está aberta todos os dias. Está lá uma fotografia do padre Hamel. E muitas pessoas, mesmo do estrangeiro, vêm e vão visitar a igreja. E o povo agora já não tem medo, já não tem aquele receio, tinham medo de estar sozinhos dentro da igreja. Mas agora não. Quando temos às vezes uma missa aparecem duas ou três pessoas que são contra esses rapazes que fizeram mal, vêm em solidariedade."

Interrogada sobre o que aconteceu à estátua de Nossa Senhora de Fátima, vandalizada pelos assassinos durante o ataque, esta crente católica da mesma aldeia, alega que ela continua a existir, embora tenha sido necessário substituir a coroa.

"Existe sempre, foi partido um bocadinho só. A justiça pegou naquela coroa como prova, mas a gente meteu outra. Mas a coroa ficou toda amassada e o altar também ficou todo picado porque eles, com as facas, picaram o altar. Só mudámos os tapetes, porque os tapetes estavam cheios de sangue, foram mudados. E de resto não se mudou mais nada: mudou-se a coroa da Senhora [imagem de Nossa Senhora de Fátima], mas a Senhora está lá, e está sempre bonita, bem asseada e tudo !

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