França e parceiros confirmam abandono das tropas do Mali
O presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou esta manhã no Palácio do Eliseu, a retirada das tropas francesas e internacionais do Mali. As relações entre Paris e Bamaco têm azedado ao ponto de o embaixador francês ter recebido um ultimato para deixar o país. A junta militar maliana pretendia manter-se no poder por vários anos tendo ficado sob sanções inclusive da comunidade regional, a CEDEAO.
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Foi na presença do chefe de Estado senegalês e presidente em exercício da União Africana, Macky Sall, e do seu homólogo do Gana, Nana Afuko Addo, para além do presidente do Conselho europeu, o belga Charles Michel, que se confirmou em Paris o fim das intervenções Barkane (da França com os países da região) e Takuba (europeia, incluindo francesa) do Mali.
A França manteve tropas suas na antiga colónia da África ocidental ao longo de nove anos, numa primeira fase, em 2013, para evitar a ocupação por jihadistas da capital, Bamaco.
Segundo o chefe de Estado maior das forças armadas francesas, com esta retirada do Mali daqui a seis meses, manter-se-ão ainda na região entre 2 500 e 3 000 soldados gauleses.
De momento Paris mantinha 2 400 militares no Mali, 48 militares franceses perderam aí a vida, 53 em todo o Sahel.
O anúncio foi feito pelo chefe de Estado da França, Emmanuel Macron, alegando, porém, ter sido útil a intervenção e descartando qualquer fiasco quanto a esta retirada.
O inquilino do Palácio do Eliseu fez mesmo questão em frisar a sua intenção em se manter mobilizado no Sahel, e mesmo além, até aos países vizinhos do Golfo da Guiné e da África ocidental.
Os dois golpes de Estado no Mali, em 2020 e 2021, trouxeram para o poder em Bamaco uma junta militar que descarta organizar eleições antes de vários anos e que tem capitalizado o sentimento anti-francês crescente que se tem instalado.
Emmanuel Macron admitiu que a suposta presença de forças para-militares privadas russas Wagner, desmentida por ora pelas autoridades malianas, era absolutamente inaceitável para os parceiros europeus ali presentes.
"Estamos de acordo quanto ao óbvio que é não podermos ficar mobilizados militarmente ao lado das novas autoridades das quais não partilhamos nem a estratégia, nem os objectivos ocultos.
Esta é a situação com a qual estamos confrontados actualmente no Mali.
A luta contra o terrorismo não pode justificar tudo.
Com o pretexto de ser uma prioridade absoluta ela não se deve transformar no exercício de conservação indefinida do poder.
Ela também não pode justificar uma escalada da violência com recurso a mercenários cujos abusos foram testemunhados na República centro-africana e cujo exercício da força não é regulamentado por nenhuma convenção.
Nestas condições a França e os seus parceiros mobilizados em missões de luta contra o terrorismo, nomeadamente a força Takuba, tomaram a decisão de retirar a respectiva presença militar do Mali.
Esta retirada traduzir-se-á pelo fecho das bases de Gossi, Ménaka e Gao. "
Emmanuel Macron, presidente francês, 17/2/2022
Por seu lado o chefe de Estado do Senegal, Macky Sall, presidente em exercício da União Africana, admitiu compreender a decisão das tropas internacionais se retirarem do Mali afirmando, porém, ser necessário trabalhar com a junta militar para se encontrar uma solução na luta contra o terrorismo.
"Considerando a situação no Mali, compreendemos a decisão tomadas pelas autoridades europeias e francesas de não prosseguir as intervenções (militares).
Esperamos que as discusões entre a CEDEAO e Mali permitam o regresso de uma normalidade das instituições civis, depois de eleições para que o país retome o curso normal."
Macky Sall, presidente do Senegal e líder da União Africana, 17/2/2022
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