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França

"Façamos a História": dos arquivos à actualidade

Quando a actualidade é forte ou quando perde importância, o que acontece à narrativa dos acontecimentos que nos leva a contar histórias? Fazer a História é um meio de recuperar marcos e de recordar a memória dos acontecimentos.

Fragmentos de documentos conservados no Arquivo diplomático do centro de La Courneuve.
Fragmentos de documentos conservados no Arquivo diplomático do centro de La Courneuve. © Florian Riva / RFI
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Esta memória para a França e para a sua diplomacia acontece através dos seus arquivos: um oceano de conteúdos extensível em 150 quilómetro, em dois edifício tanto discretos como misteriosos pelos tesouros que albergam. São os arquivos diplomáticos do Quais d’Orsay, em La Courneuve, na região parisiense, e na cidade de Nantes.

A RFI propõe neste ano de 2022, e em dez línguas, uma série intitulada "Façamos a História", partindo da perspectiva de alguns arquivos da diplomacia francesa e de documentos audiovisuais. Estes documentos vão permitir ilustrar, no passado e presente, acontecimentos que vão ser lembrados ao longo do ano, nas nossas antenas e nos nossos suportes digitais, nas nossas dez línguas.

"Façamos a história"
Documento de arquivo na grande sala de leitura do centro La Courneuve.
Documento de arquivo na grande sala de leitura do centro La Courneuve. © Photo P. Martin / RFI

Nestes arquivos, encontrámos mais de cinco séculos de documentos da diplomacia francesa: um milhão de dossiers, 500.000 livros, 300.000 fotografias de arquivo.

No espaço de La Courneuve, encontram-se os documentos da administração central: correspondências, artigos, notas, telegramas, jornais, memórias ou documentos jurídicos, nomeadamente 25.000 tratados bilaterais ou multilaterais. Em Nantes, estão presentes documentos dos postos diplomáticos e mandatos do Levante ou dos protectorados de Marrocos e da Tunísia. 

Criado em 2001 por Hubert Védrine e inaugurado em 2009 por Bernard Kouchner, este espólio foi centralizado, partindo da recolha de documentos que se encontravam em espaços diversos. Uma reunião única em La Courneuve onde, ao longo de 200.000 metros quadrados, se encontra hoje a primeira fonte de informação, que ilustra as relações da França com o mundo.

Desta foram, os historiadores têm ferramentas reunidas em dois únicos espaços. Todos os anos, 2.000 investigadores procuram estes espólios. O público também é convidado a aceder aos documentos e aos espaços para trabalhar, tanto na grande sala de estudo, como nos auditórios ou na sala de exposição.

Mas quando não somos historiadores e apenas jornalistas, qual o bom uso que se pode dar aos arquivos? Os arquivos são parte da História em si? Fazem parte da História ou da actualidade, ao ver a luz do dia? 

Estes documentos podem mostrar as relações da França com o mundo ou abrir novas fronteiras através das novas tecnologias? No eterno presente do mundo digital, qual o espaço para os arquivos?

As respostas, neste vídeo, de Nicolas Chibaeff, director dos Arquivos diplomáticos do Quai d'Orsay.

Os arquivos diplomáticos da França
Façamos a História
Façamos a História © Florian Riva / RFI

"Os arquivos da França nas suas relações com o mundo"

2022, como em qualquer outro ano, não passará ao lado de datas comemorativas; aniversários, eventos recentes ou antigos que continuam, sob várias formas, a fazer História ou parte da actualidade, abrindo espaço para novas descobertas e configurando novos discursos ou debates com a memória.

Desta forma, as dez redacções de línguas da RFI propõem voltar atrás no tempo, mês após mês, através de um século. Lembrando momentos marcantes deste século passado, que continuam a marcar a actualidade em várias partes do mundo e culturas. Estes momentos vão ser analisados por especialistas, com testemunhos, lembranças. O ponto de partida é a memória diplomática da França, no tempo situado em La Courneuve.

A redacção em chinês lembra a ascensão ao poder de Xi Jinping em 2012. Dez anos depois, Séverine Arsène, sinagoga e especialista digital no Médio Lab de Sciences Po em Hong Kong, levanta a questão do totalitarismo chinês na era digital.

A redacção brasileira recordará a chegada ao poder em 2002 de Luiz Inácio Lula da Silva, vinte anos depois, em pleno ano eleitoral. Camille Goirand, professora de ciências políticas e especialista do Brasil vai explicar-nos se, ainda hoje, no Brasil se sentem confrontos de populismos.

A redacção inglesa trabalhará o marco do Tratado de Maastricht em 1992, trinta anos depois, com Olivier de France, especialista geopolítico da Europa, questionando se ainda é preciso escolher entre a Europa das Nações e os Estados Unidos da Europa.

A redacção romena lembra o caso Tanase em 1982, quarenta anos mais tarde, perguntando a Traian Sandu, historiador especialista da Roménia se este foi um momento chave para a mudança de estatuto para este Estado pivot entre o Este e Leste.

A redacção vietnamita, lembrará os bombardeamentos Linebacker de 1972, e cinquenta anos mais tarde falará com o jornalista e escritor Gaidz Minassian, sobre os estragos da Guerra Fria.

A redacção em espanhol, vai recordar a crise dos mísseis de Cuba em 1962, sessenta anos depois, com ajuda de Emilia Robin, especialista da Guerra Fria, e Leila Latrèche, especialista de Cuba e da URSS. O regresso à Guerra Fria continua a ser uma preocupação pertinente?

A redacção persa, vai analisar a ascensão caótica antes da queda de Mohammad Mossadegh em 1952, sessenta anos depois, com Yvonnick Denoel, historiador em questões sobre informação, quanto a esta primeira intervenção da CIA contra um Estado.

A redacção russa, lembrará a batalha de Stalingrad, em 1942, oitenta anos depois, com ajuda de Jean Lopez, director de Guerras e História, esta vitória pretendia criar uma partilha do mundo?

A redacção em português, recordará a ascensão ao poder de António de Oliveira Salazar em 1932, noventa anos depois, com Yves Leonard, historiador e especialista de Portugal. Qual o peso do salazarismo na História lusófona.

Por fim, a redacção cambojana vai tratar a questão do nascimento de Norodom Sihanouk em 1922, com Marie Aberdam, historiadora especialista no Camboja, tentando perceber quais as resistências ao fim da monarquia khmer e das ruínas de Angkor.

Em 2022, as diversas redacções da RFI vão olhar para um século da História do mundo e projectar os efeitos num espelho histórico e cultural, alimentado por reflexões e arquivos, para oferecer aos internautas e ouvintes novas janelas para olhar para a História.

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