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França/Egipto/Direitos Humanos

Presidente egípcio em França sob fortes críticas a violações de direitos humanos

A França - principal vendedor de armas ao Egipto entre 2013 e 2017 - "não vai condicionar ao respeito pelos direitos humanos, a sua cooperação económica e em matéria de defesa com o Egipto, pois tal enfraqueceria o Egipto na sua luta contra o terrorismo", garantiu na manhã desta segunda-feira, 7 de dezembro, o Presidente Emmanuel Macron ao seu homólogo egípcio marechal Abdel Fattah al-Sissi, em visita de Estado a França.

Presidente francês Emmanuel Macron acolhe o seu homólogo egípcio Abdel Fattah al-Sissi no Palácio do Eliseu em Paris, a 7 de dezembro de 2020, durante a sua visita de Estado a França.
Presidente francês Emmanuel Macron acolhe o seu homólogo egípcio Abdel Fattah al-Sissi no Palácio do Eliseu em Paris, a 7 de dezembro de 2020, durante a sua visita de Estado a França. REUTERS - GONZALO FUENTES
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A França e o Egipto que partilham as mesmas preocupações face à crise na Líbia, à instabilidade no norte de África, no Médio Oriente, no Mediterrâneo Oriental ou ainda perante a ameaça de grupos jihadistas no Egipto, reforçaram fortemente a cooperação comercial e sobretudo militar desde a chegada ao poder do marechal Abdel Fattah al-Sissi em 2013, na sequência do golpe de Estado contra o Presidente islamita Mohamed Morsi.

Entre 2013 e 2017 a França tornou-se no principal vendedor de armas ao Egipto

"Enquanto uma crise sanitária, económica e social sem precedentes se abateu sobre o mundo e que algumas potências tentam desestabilizar os equilíbrios regionais, creio poder dizer que a nossa parceria estratégica com os nossos amigos egípcios, é mais do que nunca essencial" declarou Emmanuel Macron.

Antes desta visita de Estado do Presidente egípcio, 17 organizações de defesa de direitos humanos publicaram uma declaração conjunta, acusando o Presidente francês de fechar os olhos à repressão de qualquer veleidade de dissidência no Egipto, acusações refutadas pela presidência francesa, que defende não criticar abertamente os países sobre a questão dos direitos humanos, para uma maior eficácia em privado e caso a caso.

Entre elas a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional ong da qual a dirigente francesa Katia Roux resumiu a posição em entrevista à RFI.

"...hoje o que pedimos a Emmanuel Macron é que não estenda o tapete vermelho ao Presidente egípcio se não houver libertação dos defensores de direitos humanos que estão presos apenas porque defenderam pacificamente os direitos humanos e de não recompensar autoridades, que arbitrariamente prendem as vozes dissidentes, com vendas de armas ou elogios, logo verdadeiramente insistimos na escalada da campanha das autoridades egípcias para erradicar o movimento dos direitos humanos no Egipto e receber Al-Sissi sem levantar estas questões, sem pedir a libertação dos prisioneiros de opinião e dos defensores dos direitos humanos, seria na realidade contradizer os compromisssos anunciados pela França a favor dos defensores de direitos humanos. Logo a mensagem hoje é clara, a palavra já não chega, são precisos actos concretos, libertações, e é essa a mensagem que pretendemos passar ao Presidente francês". 

"Não condicionarei a nossa cooperação económica nem em termos de defesa a esses desaocrodos" disse Emmanuel Macron, quando interrogado sobre as violações de direitos humanos no Egipto.

"É mais eficaz ter uma política de diálogo exigente do que uma política de boicote, que reduziria a eficácia de um dos nossos parceiros na luta contra o terorismo e a estabilidade regional... seria ineficaz sobre o tema dos direitos humanos e contra-produtivo na luta contra o terrorismo", afirmou o Presidente Macron.

Em conferência de imprensa conjunta o Presidente Emmanuel Macron frisou ainda "tive a ocasião de evocar, como se faz entre amigos em confiança e de maneira franca a questão dos direitos humanos...pudemos evocar alguns casos individuais...continuo a defender uma abertura democrática, social e o reconhecimento de uma sociedade civil dinâmica e activa", acrescentou.

Por sua vez o Presidente Abdel Fattah al-Sissi rejeitou as acusações de violação de direitos humanos e afirmou "não é apropriado apresentar o Estado egípcio e tudo o que ele faz pelo seu povo e a estabilidade na região como um regime opressivo".

Em novembro último, o governo francês criticou a detenção de membros de uma organização agícia de defesa de direitos humanos, a - Inicitiava Egípcia para os Direitos da Pessoa ou EIPR, que tinham organizado uma reunião com diplomatas, três dentre eles foram libertados antes da visita a França do Presidente al-Sissi.

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