Grécia : Parlamento vota hoje novas medidas de austeridade

As novas medidas de austeridade, exigidas por Bruxelas em troca de um terceiro plano de resgate da economia grega, estão hoje em debate no parlamento helénico. A presidente da Assembleia, Zoé Constantopoulou, apelou aos 300 deputados para rejeitar o pacote legislativo.

Alexis Tsipras, Primeiro-ministro grego REUTERS/Alkis Konstantinidis

O Parlamento grego deve votar, esta noite, o novo pacote de medidas de austeridade exigidas por Bruxelas em troca de uma nova ajuda financeira ao país, por três anos, de mais de 80 mil milhões de euros.

 São várias as medidas de austeridade que vão ser analisadas pelos deputados, a começar pela reforma do regime das pensões para acabar gradualmente com os dispositivos de partidas antecipadas para as reformas; a subida do IVA de 13% para 23% para a restauração ou a criação de uma autoridade independente para o controlo das finanças públicas.

 Por outro lado, a imprensa grega avança também que o imposto sobre os lucros das empresas pode passar de 26% para 29%, que será reforçada a luta contra a evasão fiscal, que haverá o aumento do imposto sobre os produtos de luxo de 5% para 13% e um imposto extraordinário para os rendimentos de mais de 500.000 euros.

A contestação dentro do Syriza

As novas medidas de austeridade estão a dividir profundamente o partido de esquerda radical Syriza, a formação do primeiro-ministro Alexis Tsipras.

A presidente do Parlamento grego - pertencente à ala mais esquerda do Syriza - Zoé Constantopoulou, apelou aos 300 deputados para rejeitar o pacote de emdidas de austeridade exigidas pela zona euro. “Este parlamento não deve aceitar a chantagem dos credores”, declarou Constantopoulou aos deputados antes do voto previsto para a noite desta quarta-feira.

Também o ministro da Energia e membro da ala mais à esquerda do Syriza, Panagiotis Lafazanis, declarou que não vai votar a favor das medidas de austeridade

Esta terça-feira, o primeiro-ministro reconheceu que o acordo com os credores para um terceiro plano de ajuda financeira é um texto no qual “não acredita” mas que o assinou para “evitar o desastre do país”.

“Assumo as minhas responsabilidades por qualquer erro que tenha cometido, assumo a responsabilidade pr um texto no qual não acredito mas que assino para evitar o desastre do país”, declarou Alexis Tsipras durante uma entrevista à televisão pública grega ERT.

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Alexis Tsipras, Primeiro-ministro grego

Greve dos funcionários públicos

Para esta quarta-feira está prevista uma greve de 24 horas dos funcionários públicos da Grécia, em protesto contra as novas medidas de austeridade que vão ser debatidas no Parlamento helénico.

Esta vai ser a primeira greve de 24 horas no país desde as eleições de Janeiro que conduziram o Syriza ao poder.

FMI avisa que Grécia precisa de um alívio da dívida “muito superior” ao previsto

A Grécia vai precisar de um alívio da sua dívida “muito superior” ao que os parceiros previram por causa da degradação da sua economia e do seu sistema bancário nas últimas duas semanas. A conclusão é do Fundo Monetário Internacional (FMI) num relatório em que estima que a dívida grega vai representar até 200% do PIB nos próximos dois anos e não 177% como o FMI previra anteriormente. Em 2002, a dívida representará 170% do PIB e não 142%, ao contrário do que fora previsto há duas semanas.

Bancos fechados até sexta-feira

Os bancos gregos vão continuar fechados até pelo menos sexta-feira, de acordo com o novo decreto publicado pelo Ministério das Finanças. O documento mantém o limite para os levantamentos de dinheiro nas caixas multibanco em 60 euros por dia.

As cerca de mais de mil sucursais abertas que até agora só podiam pagar pensões e subsídios de desemprego, passam a poder gerir o pagamento de quotas e créditos, como dívidas ao Estado ou a empresas públicas, aos fundos de pensões estatais ou a seguros privados.

O controlo de capitais está em vigor há 17 dias.