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Dinamarca/Terrorismo

Atirador de Copenhague teria se inspirado nos atentados de Paris

A polícia dinamarquesa suspeita que o autor dos ataques contra um centro cultural e uma sinagoga em Copenhague tenha se inspirado nos atentados que aconteceram na França em janeiro e deixaram 17 mortos. Semelhanças existem, mas especialistas estimam que é preciso conhecer melhor o perfil do atirador dinamarquês para estabelecer um vínculo mais preciso entre os dois casos. Ainda não foi divulgada a identidade do atirador abatido na manhã deste domingo (15), depois de uma troca de tiros com os policiais.

A polícia científica da Dinamarca recolhe indícios do ataque no centro cultural.
A polícia científica da Dinamarca recolhe indícios do ataque no centro cultural. REUTERS/Liselotte Sabroe/Scanpix Denmark
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O ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, expressou neste domingo sua surpresa com as semelhanças entre os ataques de Paris e Copenhague. "Estou impressionado com o mimetismo da ação. Primeiramente, um ataque contra um símbolo da liberdade de expressão. Na sequência, um ataque contra os judeus e depois o confronto com os policiais", disse Fabius.

Assim como os irmãos Kouachi, que invadiram a sede do jornal satírico Charlie Hebdo no dia 7 de janeiro e abriram fogo matando 12 pessoas, o atirador de Copenhague visou um centro cultural onde estava sendo realizado um debate sobre o islamismo e a liberdade de expressão. Um homem de 55 anos que assistia ao debate morreu e três policiais ficaram feridos.

Chargista ameaçado de morte

Entre os convidados estava o chargista sueco, Lars Vilks, que publicou caricaturas do profeta Maomé e foi jurado de morte. "Foi com a mesma intenção do Charlie Hebdo, mas eles não conseguiram entrar", reagiu o embaixador francês na Dinamarca, François Zimeray, que também participou do encontro. A declaração foi feita ainda no sábado, antes da confirmação de que apenas um homem havia participado da ação.

Neste domingo, em nova entrevista, o embaixador Zimeray, afirmou que todos os participantes do debate no centro cultural Krudttønden tinham sido alvo.

"Quando você ouve a rajada de tiros, acredito que todos nós fomos visados, é indiscutível. Não houve intenção de discriminar o alvo", afirmou o embaixador.

Ataque à sinagoga

Horas depois de abrir fogo contra o centro cultural, o atirador dinamarquês atacou uma sinagoga. Um judeu de 37 anos que fazia a segurança do local morreu e outras duas pessoas ficaram feridas. Na França, um dos terroristas, Amédy Coulibaly, invadiu um supermercado judaico, e matou quatro pessoas.

Os policiais também foram alvos dos atiradores franceses: um policial foi executado friamente pelos irmãos Kouachi e uma policial foi morta por Coulibaly. Em Copenhague, o atirador foi morto após tiroteio com os policiais, mesmo desfecho dos ataques de Paris.

"O modo de operação parece similar, os alvos também. Podemos pensar que se trata de um mesmo tipo de jihad individual", afirmou à agência AFP uma fonte próxima das unidades de elite francesas.

O especialista em terrorismo, Jean-Charles Brisard, também vê semelhanças nos dois casos. Segundo ele, os ataques seguem uma tendência observada nos últimos anos, ou seja, os alvos têm forte valor simbólico, substituem atentados "cegos" e são realizados com armas menos sofisticadas porque os terroristas estão sendo cada vez mais vigiados.

Esses novos ataques necessitam um menor tempo de preparação que os ataques espetaculares vistos no passado. No entanto, sem conhecer o verdadeiro perfil do autor dos ataques em Copenhague, a fonte ouvida pela AFP diz que é preciso ter cuidado em estabelecer ligação entre os casos.

Atraído por propaganda jihadista?

Os atiradores franceses disseram pertencer aos grupos terroristas Estado Islâmico e Al-Qaeda e eram conhecidos dos serviços de informação do país. Os investigadores não excluem a possibilidade de que eles tenham ido combater na Síria. Um dos irmãos Kouachi chegou a se instalar em 2011 no Iêmen, uma das bases mais ativas da rede terrorista Al-Qaeda.

Quanto ao atirador da Dinamarca, ele também era conhecido dos serviços de informação do país, mas os investigadores não tinham conhecimento de uma viagem dele à Síria ou ao Iraque. Eles acreditam que o homem possa ter sido seduzido pela propaganda jihadista divulgada pelo grupo Estado Islâmico ou outras organizações terroristas.

Investigação no local onde o atirador se refugiou.
Investigação no local onde o atirador se refugiou. REUTERS/Bax Lindhardt/Scanpix

Solidariedade da França

Em visita a Copenhague neste domingo, o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, disse que existe uma determinação dentro da União Europeia de combater o terrorismo.

"Nós estamos juntos neste desafio ao lado dos nossos amigos dinamarqueses para mostrar nossa solidariedade, para falar da importância de combatermos juntos, no interior da União Europeia, o terrorismo ", afirmou Cazeneuve. O ministro francês confirmou que existe uma troca de informações entre os serviços de inteligência entre os dois países, mas estima que a "cooperação deve ser reforçada".

"É preciso que possamos dispor de mecanismos necessários para neutralizar os que atravessam o espaço aéreo europeu depois de voltarem de locais de operação terroristas", disse, em referência aos jihadistas europeus que partem para combater na Síria e no Iraque.

Ele voltou a defender a adoção do programa PNR (Passger Name Record) pela União Europeia para conseguir identificar o percurso de combatentes estrangeiros. Bernard Cazeneuve se encontrou com a ministra dinamarquesa da Justiça no centro cultural, alvo do primeiro ataque no sábado, e depois visitou a sinagoga atacada na madrugada de domingo.
 

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